domingo, 29 de novembro de 2009
Nacionalismo: o lodo em que o Imperialismo mergulha os povos europeus
Levado a cabo pelo Partido Popular da Suíça, a formação direitista acredita que esta é a primeira paragem à instalação da Sharia na Europa, num país em que habitam 400 mil muçulmanos, maioritariamente provindos das antigas repúblicas da pátria socialista joguslava.
O imaginário de povo e nação, amadurecido com o surgimento do Estado-Nação, é um espaço de discussão difuso que muita das vezes deturpa o papel principal das massas laboriosas na História e Presente da nação. O nacionalismo pega na aclamação desbocada do "povo" para o posicionar como um "sujeito" de um sistema, muitas das vezes ao serviço de senhores.
O actual afã nacionalista, de conteúdo reaccionário e xenófobo, quer dividir os povos da Europa, cada vez mais miscigenados, quer cristalizando uma população branca e cristã como símbolo do povo nativo, identificando-a com a burguesia dominante, quer guetificando as consciências das classes mais pobres e dos imigrantes, dividindo cultural e identitariamente a classe trabalhadora, construtora da riqueza de qualquer país.
Este nacionalismo partilhado nos vários países europeus visa de igual modo legitimar a islamofobia e o ataque a todos os que possam ser apelidados de "terroristas", objectivo central do Imperialismo actual.
Apesar do referendo se ter realizado na Suíça, é este medo comum da ameaça exterior, filha directa do anti-comunismo do século XX, que levou o fascista Brittish National Party ao Parlamento Europeu e a dominação da extrema-direita na Áustria.
Com a queda do Muro de Berlim, o Ocidente capitalista quis anestesiar os povos vindos do socialismo da mesma maneira que o fez com a classe trabalhadora estado-unidense, através de sentimentos nacionalistas ferozes, com nações que nunca conheceram a existência histórica, como os países do báltico e o Kosovo. A criação de repúblicas ideologicamente viradas à direita, cujo sistema partidário é dominado pelo pensamento liberal, foi o truque do Imperialismo para obstaculizar a luta popular nestes povos pelas décadas que ainda virão.
O atentado que ontem causou dezenas de mortes num descarrilamento de um comboio na Rússia é a prova de que o nacionalismo criou metásteses na classe trabalhadora e a luta por um ideal fixo e xenófobo de nação está já legitimado em território russo.
A expansão do ideal nacionalista e a sua prática com a «fortaleza europa» e a contínua referência à «questão da imigração» é uma enorme pedra no sapato na luta por uma sociedade mais justa e fraterna, contudo, com muita perseverança, os "prides" e os "powers" que o Capital andou a semear por essa Europa fora serão atirados janela fora pelos trabalhadores e os grandes ideais de justiça de Marx serão reabilitados, por ser essa a única solução para um mundo inteiro sem explorados e exploradores.
sábado, 28 de novembro de 2009
Eslovénia em crise
28 de Novembro foi dia de alta contestação social na Eslovénia, «a república mais rica da ex-Jugoslávia».
Com 2 milhões de cidadãos, a Eslovénia está a braços com mais de 9% de desempregados, 17 mil pessoas a receber o salário mínimo de 431 euros e 150 mil trabalhadores com um salário de 500 euros mensais, esta antiga pátria socialista está numa crise profunda. A economia contraiu mais de 8% e as ajudas do Estado representam 2,34% do PIB, o capitalismo está a afundar as condições de vida da classe trabalhadora eslovena.
Nos protestos, exigia-se «um aumento de 31% no salário mínimo, para os 600 euros, e o fim do projecto de aumentar a idade da reforma para os 65 anos. Actualmente os limites são de 63 anos para os homens e 61 para as mulheres».
No meio da manifestação, um trabalhador afirmou peremptoriamente «se não conseguimos o que queremos por meios pacíficos, alguém vai ter de fazer uma revolução a sério. Espero que não seja preciso e que a razão prevaleça».
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
A Razão à força de pontapés
Após o exercício massivo de "wishful thinking" que as nossas elites políticas e económicas têm vindo a fazer nos últimos tempos, cantando como um coro sincronizado que a crise estava a passar, apesar do desemprego crescente e dos encerramentos de empresas, eis que os nossos "mestres" começam a abrir os olhos.
O Dubai, um país do Médio Oriente, com desenvolvimento faraónico propalado pelo dinheiro petrolífero vem anunciar que tem entre mãos uma séria crise de dívidas, tendo já avançado uma moratória para atrasar seis meses o pagamento destas, que equivale a 3,5 mil milhões de euros.
Na França, a ministra da economia veio admitir que a crise ainda não passou já que o desemprego se aproxima perigosamente dos 10%.
O desemprego em que milhões de pessoas têm vindo a ser mergulhadas tem vindo a ser negligenciado pelos "peritos" em economia, olhando para a deflação e inflação como únicos indicadores da "regulação do mercado".
Já no campo da cegueira ideológica, é notável olhar para o artigo do "The Economist" sobre a Espanha, que lhe apelida de «o novo doente da Europa». Esta revista pró-mercado livre refere que o seu sistema laboral espanhol é «ineficaz e injusto», devido à "improdutividade" trazida pelos altos custos de despedimento de trabalhadores com contrato indefinido. Entre outras pérolas, contam-se frases-chavão como «os trabalhadores incompetentes com contratos indefinidos estão protegidos» e que as reformas laborais que tornem mais barato o despedimento foi posto de parte para «agradar os sindicatos».
Não se apercebem estes economistas que foi a sua cegueira e idealismos que levou à crise generalizada entre os trabalhadores. Quanto maior for a soberba, mais frágil será derrubar o seu pensamento caduco.
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Este país precisa...
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A emergência da Ásia
«Superar o neoliberalismo, em definitivo, implica ir mais além dos números que frequentemente actuam como um sudário da realidade, para além do cientificismo com que se mascara a si mesmo como ciência».
terça-feira, 17 de novembro de 2009
O liberal amor pela democracia
Micheletti, a figura-mor de um golpe de estado organizado pela burguesia hondurenha e estrangeira e levado a cabo pela oligarquia militar deste país, com o intento de derrubar um governo democraticamente eleito e o seu presidente Zelaya.
Lembremo-nos que Zelaya fez um referendo, que caso fosse aprovado, levaria à realização de outro referendo que punha em questão a criação de uma futura assembleia constituinte para a extensão do mandato presidencial de um para dois.
A burguesia, com medo daquilo que eles chamam «chavismo», «esquerdismo» e «socialismo» instauraram um regime ditatorial que reprimiu e matou os que tiveram a coragem subversiva, fechou as redacções contrárias aos desígnios "democráticos" do Partido Liberal e meteu na gaveta a liberdade de expressão.
A Internacional Liberal, liderada pelo holandês Van Baalen, acaba então de nomear Micheletti pela sua «coragem» e parabenizá-lo por tomar as rédeas do próximo acto eleitoral hondurenho a 29 de Novembro, que fede a farsa.
Van Baalen, para legitimar-se e à sua organização disse à imprensa que conta entre as suas fileiras, o Partido Liberal inglês e alemão e o Partido Democrata estado-unidense. Alguém está surpreendido?
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
sábado, 14 de novembro de 2009
é que se tem democracia!
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Das liberdades da democracia burguesa
domingo, 8 de novembro de 2009
Os muros derrubados que se celebram
Amanhã, dia 9 de Novembro, faz 20 anos que o Muro de Defesa Anti-fascista, mais conhecido como Muro de Berlim, caiu, processo simbólico que levou ao fim da RDA e mais tarde do bloco socialista no leste europeu.
As imagens que a televisão passa e os artigos que a imprensa publica mostram multidões efusivas, momentos de festa, um país reunificado e o início daquele que já foi chamado o fim da história.
Dos sentimentos que povoaram os alemães de leste na altura já só resta a desilusão de terem pensado que o pleno emprego se manteria e que os serviços públicos seriam sempre garantidos e acessíveis, a isto junte-se a angústia de ver que apesar do país estar reunificado a discriminação aos ossis (nome dado aos habitantes de leste) é uma realidade que os marca não só em termos sociais mas também na obtenção de emprego e de salários equitativos.
Além da Alemanha, os festejos são promovidos por todo o mundo, facto que não surpreende.
A queda do Muro de Berlim significou o derrube de inúmeras barreiras morais ao Capitalismo. Enquanto as "democracias" capitalistas, em especial as europeias, se viram a competir com o bloco socialista, sempre aclamaram um sistema social de mercado, como se fosse moral e politicamente superior, branqueando-se que muita do combustível dessa economia vinha do terceiro mundo e das colónias africanas e asiáticas.
Sem a RDA e o bloco socialista, a burguesia viu espraiarem-se mil caminhos de liberdades capitalistas.
Desde a queda do Muro de Berlim, as classes mais abastadas têm ficado mais ricas enquanto as mais pobres todos os dias se vêm a afundar mais.
Foi a queda do Muro de Berlim que permitiu a precarização do emprego, a criação dos exércitos de desempregados que os capitalistas tanto precisam e apreciam e os estágios não-renumerados para jovens licenciados.
A queda do Muro de Berlim deu asas ao Capital para criar uma sociedade cada vez mais vigiada, com grande implementação dos sistemas de video-vigilância e monitorização informática dos dados pessoais.
A entrega de milhões de milhões aos bancos e a empresas falidas por más gestões empresariais é outro caminho de liberdade aberto pela queda do Muro.
Desde há 20 anos, a situação da classe trabalhadora na Europa e no Mundo, ou manteve-se na mesma ou piorou, os direitos que nos garantiam ser sagrados foram completamente desbaratados ou esvaziados na sua aplicação.
Têm muito para celebrar as nossas elites, pois desde há 20 anos que lhes pertence o mundo.
sábado, 7 de novembro de 2009
Ulyanov!
"Foi aos operários russos que coube a honra e a alegria de serem os primeiros a desencadear a revolução, quer dizer, a grande guerra, a única guerra justa e legítima, a guerra dos oprimidos contra os opressores.
Só quando os de baixo não querem o que é velho e os de cima não podem continuar como dantes, só então a revolução poerá vencer.
A revolução não pode ser imaginada como um acto único(...) mas como uma rápida sucessão de explosões mais ou menos violentas, alternando com períodos de clama mais ou menos profunda.
Os capitalistas sempre chamaram liberdade à liberdade de obter lucros para os ricos, à liberdade de os operários morrerem de fome.
Quem não tiver compreendido a necessidade da ditadura de qualquer classe revolucionária para alcançar a vitória não compreendeu nada da história das revoluções ou não quer saber nada desse domínio."
- Vladimir I. Lenine, retirado daqui.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
«Caminhei para lá do rio até ao Cirque Moderne, para uma das grandes reuniões populares que ocorriam por toda a cidade, cada vez mais numerosas, noite após noite. O pobremente mobilado e obscurecido anfiteatro, iluminado por cinco pequenas luzes presas por um frágil cabo, estava lotado desde as bancadas inclinadas da plateia até ao tecto - soldados, marinheiros, trabalhadores, mulheres, todos a escutar como se as suas vidas dependessem disso. Um soldado falava - da 548ª Divisão, onde e o que quer que isso fosse:
"Camaradas", proclamou, e havia real angústia nos contornos do seu rosto e dos seus gestos desesperados. "Os que estão no topo está sempre a pedir-nos que façamos mais sacríficios, mais sacríficios, enquanto aqueles que tudo têm são deixados em tranquilidade."».
- Dez dias que mudaram o mundo, por John Reed.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
«Nisto a Revolução Russa apenas confirmou a lição básica de cada grande revolução, a lei do seu ser, que decreta: ou a revolução avança a um ritmo rápido, impetuoso e resoluto, quebra todas as barreiras com uma mão de aço e coloca os seus objectivos cada vez mais alto, ou bem cedo será atirada para trás do seu frágil ponto de partida e suprimida pela contra-revolução.
Ficar quieto, desperdiçar tempo num só momento, contentar-se com o primeiro objectivo que consegue atingir, nunca é possível numa revolução. E aquele que tenta aplicar a sabedoria caseira derivada das batalhas parlamentares entre sapos e ratos para o campo das tácticas revolucionárias apenas mostra deste modo que a psicologia e as leis da existência da revolução são-lhe estranhas e que toda a experiência história é para ele um livro fechado com sete selos.»
- A Revolução Russa, por Rosa Luxemburgo.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Mais uma pérola da «mãe da democracia»
A divisão é tão grande que as forças do nacionalismo mais reaccionário do Partido Republicano estão prontas a apoiar o candidato do Partido Conservador, com representação quase inexistente no panorama político americano, Doug Hoffman em vez da sua própria cabeça de lista, Dede Scovafazza.
Razão? Aparentemente, Scovafazza é a favor do casamento gay, assunto quente em país pseudo-democrático, e apoia os sindicatos.
Quanto a Hoffman, apesar de desconhecer a realidade do distrito a que se candidata, apelidando as preocupações locais da comunidade de «assuntos paroquiais», é a favor da «redução do défice», opõe-se ao «aborto, casamento gay e aos planos de estímulo económico» além de prometer «combate às organizações de esquerda». Tamanha demonstração de apego ao "patriotismo" professado pelas áreas mais abjectas da política estado-unidense valeu-lhe o apoio de figuras como Sarah Palin e o fascista Glen Becker da execrável Fox News.
Sem querer santificar o Partido Democrata nem Scovafazza, que já libertou os eleitores para «transferir o seu voto para o candidato que considerarem mais adequado», é incrível como a «pátria-mãe» da democracia, a defensora-mor da "liberdade" individual, pode assistir a que um candidato que até é capaz de ganhar prometa, qual McCarthy, combater «as organizações de esquerda».
Curiosamente, os generais que levaram a cabo a deposição do presidente Zelaya das Honduras afirmaram fazê-lo com receio do «esquerdismo» expansionista de Chavez.
Ao Partido Republicano, que já foi a força política que elegeu Abraham Lincoln, presidente estado-unidense que não teve medo de enfrentar os poderes esclavagistas e libertar os trabalhadores afro-americanos da escravidão, só lhe desejo, que se não consegue ser um digno representante do povo daquele desgraçado país, que ao menos tenha na sua direcção gente que não disponha da vida dos seus concidadãos para as atirar no campo de batalha e na guerra sangrenta.
-fonte, Público do dia 2 de Novembro.
domingo, 1 de novembro de 2009
Há 92 anos, escreveu-se o primeiro capítulo
Há 92 anos, numa terra que abarcava Moscovo e Vladivostok, das Estepes aos Urais, passando pelo Cáucaso, alargando-se a dois continentes. Um Império de várias línguas, povos e nações.
Uma massa imensa de gente governada pelas necessidades da Burguesia monopolista, os caprichos da família real e a sede de sangue do Imperialismo. Povos inteiros lançados para a miséria enquanto as cortes reais e os grandes proprietários se afogavam em festas, soirées e que tais.
Um desemprego cada vez mais crescente, o abandono dos terrenos agrícolas e o entupimento populacional das cidades onde os operários maquinofacturavam as armas com as quais seriam postos na frente de batalha da Primeira Guerra Mundial, prestes a ser chacinado num joguete burguês de armamento e geopolítica.
Pelo espectro da fome e da guerra, o desespero colectivo perante a constante retirada de dignidade levou à vontade de pôr fim ao domínio dos Senhores, fossem eles reais, feudais, burgueses ou políticos.
Sob o lema «Todo o poder para as Sovietes» e a liderança de Lenine, os trabalhadores das repúblicas do Império Russo acabaram com o domínio burguês, nacionalista e imperialista e escreveram um capítulo que foi semente para as revoluções socialistas e de libertação do mundo inteiro: A Revolução de Outubro de 1917.
Apesar da reacção, sob a batuta de Gorbatchov, Iakóvlev e Ieltsin a nível interno e impelidos pelos EUA e pela NATO, terem derrotado esta enorme vitória da classe trabalhadora soviética, o seu exemplo ainda ressoa na revolução bolivariana e em todos os processos em que os povos não perdoam a arrogância e a rapina da burguesia nacional e internacional.
Ainda que no antigo calendário gregoriano a data de ínicio da Revolução tivesse começado a 25 de Outubro, adaptado para o actual calendário, a data é o 7 de Novembro.
O Portal de Thrasybulos não deixará passar esta data incólume, celebrando este grandioso evento da História da Humanidade durante o mês de Novembro.