sábado, 28 de fevereiro de 2009


"SOBRE A PAZ

Às vezes a paz
não passa de medo,
medo de ti, de mim,
medo de nós, que não queremos a noite.
Às vezes a paz
não passa de medo.

Às vezes a paz
tem gosto de morte.
Dos mortos para sempre,
dos que são só silêncio.
Às vezes a paz
tem gosto de morte.

Às vezes a paz
é como um deserto
sem vozes nem árvores
como um vazio imenso onde os homens morrem.
Às vezes a paz
é como um deserto.

Às vezes a paz
fecha as bocas
e ata as mãos
só nos deixa as pernas para fugir.
Às vezes a paz.

Às vezes a paz
não é mais do que
uma palavra vazia
para não dizer nada.
Às vezes a paz.

Às vezes a paz
faz muito mais mal,
às vezes a paz
faz muito mais mal.
Às vezes a paz.

Raimon"

-poema encontrado no www.cravodeabril.blogspot.com, aqui.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009


Já dizia Goebbels*, uma mentira dita várias vezes acaba por tornar-se verdade, e o PS tomou esta máxima como exemplo tal a quantidade de vezes que ouvimos membros do governo ou militantes do partido afirmar que esta é a força política da esquerda moderada, democrática e popular. Quase dá para acreditar nisso.

Mas que dizer quando o PS (juntamente com PSD e CDS-PP) aprovou uma Lei da Defesa Nacional que governamentaliza por completo as Forças Armadas, aliena este fulcral órgão nacional da figura do Presidente da República e, mais importante, da acção da Assembleia da República. Porém, as decisões aprovadas pela esquerda moderada, democrática e popular não param aqui, já que foram atribuídas ás Forças Armadas a tarefa de intervir a nível interno, um caso que não é previsto de todo pela Constituição, e estas intervenções dependerem somente do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas e o todo-poderoso Secretário-Geral de Segurança Interna, ambos propostos pelo Governo para exerceram as suas funções e sempre em cooperação com o Ministério da Defesa. Ou seja, a «governamentalização absoluta« das Forças Armadas, que faz uso da paranóia da guerra contra o terrorismo para põr em constante alerta e ameaça de pânico o país civil. Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.

Mas a esquerda moderada, popular e democrática continua a mostrar porque é a campeã do Estado securitário e policial, desta vez envolvendo o Mercado, eficiente, sofisticado e moderno que tudo comercializa, tudo instrumentaliza em meio de produção útil e lucrativo, até a nossa própria privacidade. 150 milhões de euros é quanto vale para o Estado burguês e o Mercado a nossa privacidade. 150 milhões de euros é quanto as empresas vão ganhar por produzir chips de localização em cada matrícula de automóvel. O Estado? Este Estado submisso e servo dos interesses do Capital? Esse fica a ganhar o privilégio de saber onde estamos quando conduzimos. A todo o momento, quando quiser, o olho omnipresente do Estado lá estará para nos vigiar. Para nos proteger. Para o nosso bem.

Depois temos o inofensivo Cartão Único do Cidadão, embora aprovado já em 2006 por unanimidade no Parlamento. As informações existentes neste novo documento vai pôr fim ao actual bilhete de identidade, cartão de segurança social, de contribuinte, de saúde e de leitor. Ainda que o então ministro da Administração Interna, António Costa, tenha assegurado que o cartão não vá ter um número único de cidadão ou uma única base de dados referente a todos os serviços públicos, o governo pouca segurança dá a quem teme pela perda total da sua privacidade nas mãos do Mercado e do Estado subserviente ao Capital. Mas atenção. Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.

E para que os grilhões sejam completos e auto-impostos, eis que em tempo de crise mundial surgem os arautos máximos da esquerda moderada, popular e democrática a demandar à população que eles mesmos querem aprisionar num sistema Orwelliano que lhes deem a maioria absoluta. Para mais quatro anos em que as liberdades, direitos e garantias sejam trucidados em prol da paz social(objectivo muito procurado pelo fascismo salazarista) que a crise pode vir pôr a descoberto que mais não é do que o maquilhar o quadro de um país deitado abaixo pelos interesses capitalistas, onde às desigualdades sociais e precariedade de vida, se juntam agora o sistema de monitorização total e omnipresente.

Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.
-corrigido de Lenine para Goebbels.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

"Todas as nações capitalistas são periodicamente acometidas de um desvario: o de procurar fazer dinheiro sem recorrer ao processo de produção."
-Karl Marx