quinta-feira, 22 de julho de 2010

A perfeita (e infeliz) metáfora


O Jonai Elm Wa Farheng, edifício em Cabul, é talvez a mais perfeita metáfora da história recente do Afeganistão.

O nome do edifício traduzido significa Casa da Ciência e da Cultura e foi construída pela União Soviética, conhecendo certo esplendor durante o governo progressista de Najbullah e da República Democrática do Afeganistão. Era um símbolo da pátria afegã que estava em construção, com um estado laico, direitos dos trabalhadores e das mulheres com uma economia virada para o progresso social.

A partir do momento em que o povo afegão foi assolado pela guerra civil e as investidas dos mujahidines, financiadas pela CIA, a Casa serviu de refúgio às famílias mais pobres que fugiam dos talibãs.

Agora que o regime teocrata caiu e o Afeganistão não passa de um títere americano no Médio Oriente, governado por elites corruptas e narcómanas que atropelam todo um povo com cada desmando imperialista, a Casa da Ciência e da Cultura virou abrigo para toxicodependentes, especialmente os viciados em heroína e ópio, cujo cultivo aumentou exponencialmente desde a invasão gizada pelos EUA/Nato.

A Casa da Ciência e da Cultura, antes símbolo de um Afeganistão livre na mão do seu povo construído com a ajuda soviética, virou esperança de sobrevivência para os pobres que viam a sua nação ser pilhada pelos talibãs e finalmente, sob a jurisdição Imperial transformou-se em casa de chuto. Haverá mais trágica metáfora sobre o Afeganistão?

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Está tudo certo...

Um abraço.