quarta-feira, 1 de julho de 2009

Duplo critério (Parte 1)

Voltando a abordar a suposta imparcialidade da Imprensa, aqui está um exemplo claro de como os Media só promovem determinados conflitos sociais, curiosamente, os conflitos que mais convêm às elites económicas e financeiras.



O El Pais, na sua página inicial na net tem um espaço dedicado à situação que se passa no Irão, porém, se olharmos para o lado vemos um pedaço rectangular do site que se refere ao Peru.

Para quem não conhece a situação neste país sul-americano, o que deve ser uma boa proporção de gente dado à quase inexistência de notícias sobre estes conflitos, o que se passou foi que o governo pró-Mercado Livre de Alan Garcia lançou dois decretos legislativos (1090 e 1964) que previam a entrega, gestão e exploração dos recursos naturais lá existentes às empresas multinacionais.

Sem sequer olhar para os 9% da população peruana que habitam no território amazónico, o governo lançou-se nesta privatização com o objectivo de «modernizar» o país de modo a promover o seu avanço. Mas que avanço? O da população peruana, que tem 44,5% dos seus cidadãos a viver abaixo do limiar de pobreza? Ou o das empresas multinacionais, que poderão aumentar o seu Capital e continuar a fazer gato-sapato das populações dos países de terceiro-mundo em benefício das oligarquias económicas locais e ocidentais?

As populações indígenas peruanas, não se resignaram nem desistiram de actuar politicamente, unindo-se e protestando contra a privatização da sua "casa". Resultado, a Ministra do Interior, Mercedes Cabanillas e o primeiro-ministro Yehude Simon ordenaram a intervenção policial violenta sobre os manifestantes, causando a morte de 34 pessoas e o «desaparecimento de pelo menos outras 60».

Das revoltas "democráticas" e "populares" que convem ao Capital, os Media tudo fazem para promover a causas do momento, porém aos mortícinios que o Capital promove em nome da "modernização", são inteligentemente postos num panorama secundário.
-Infelizmente não consegui dar melhor qualidade à imagem.

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