domingo, 5 de julho de 2009

Duplo Critério (Parte 2)


Outro exemplo de como os Media escolhem muito bem quem defendem e quem ignoram podemos encontrá-lo na cobertura noticiosa do golpe de estado das Honduras.

No dia em que o golpe de estado rebentou a página online da CNN tinha como notícia principal a informação de que 5 mil iranianos protestavam silenciosamente em Teerão.

Mais tarde o golpe de estado tornou-se notícia de primeira linha, mas como não há bela sem senão, eis que os órgãos jornalísticos explicavam este evento político, justificando-o. A irrefutável autoridade da opinião dos jornalistas expunha então que houve um golpe de estado levado a cabo pelos militares, mas que surgiu apenas devido à tentativa do presidente deposto Manuel Zelaya se "eternizar" no poder, ou seja...alargar o número de mandatos presidenciais de um para...dois, possibilitando a reeleição de Zelaya, que embora eleito pelo Partido Liberal (de direita, obviamente) fez uma viragem de esquerda e socialista nos últimos anos, embarcando na "onda bolivariana" que tem varrido os países da América Latina, fustigados desde décadas pelo neo-colonialismo, encabeçado pelos EUA.

Apesar de não ter havido nenhum referendo nas Honduras sobre a reeleição, mas apenas uma consulta eleitoral para que se adicionasse uma quarta urna nas próximas eleições naquele país, de modo a que se pudesse votar então a possibilidade do duplo mandato presidencial, os Media e "peritos" políticos logo alardearam com o Chavismo e as derivas autoritárias em democracias, apesar de Álvaro Uribe na Colômbia e Fernando Henrique Cardoso terem feito exactamente o mesmo.

Mas como Zelaya desligou-se ideologica e politicamente da oligarquia económica-militar das Honduras, eis que as suas medidas deixaram de ser um oásis de democracia no meio de uma onde "ditatorial" de esquerda para passarem a ser um "perigo" à democracia num continente "fragilizado".

Os embaixadores de Cuba, Venezuela e Nicarágua e a Ministra dos Negócios Estrangeiros Hondurenhos foram sequestrados, a Organização dos Estados Americanos e a União Europeia já condenaram o golpe de estado, o povo hondurenho saiu à rua e nas últimas semanas tem posto o regime oligarca a ferro e fogo.

Como resposta, o Partido Liberal, cabeça-mor da oligarquia hondurenha já demitiu o Presidente Zelaya com base numa carta de demissão que ele mesmo não admitiu ter escrito e elegeram um homem do «establishment» liberal-militar, Roberto Micheletti e cortaram grande parte das liberdades civis e individuais.


Os liberais mostram de que fibra são feitos, à primeira contrariedade posta à oligarquia capitalista, eis que nenhuma violação dos direitos dos cidadãos é considerada um crime nas suas consciências.

E os Media? Bem, como Zelaya não é dos seus, ao contrário do grupelho controleiro que manipula as Honduras a seu bem-querer, tudo isto é ignorado.

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