segunda-feira, 15 de setembro de 2008


«As pessoas vivem na ilusão de que temos um sistema democrático, mas é apenas uma forma aparente de um. Na realidade vivemos numa plutocracia, um governo dos ricos»
- José Saramago

Compreender verdadeiramente as instituições de poder na nossa sociedade é chegar à conclusão que os valores democráticos nela já nada valem. É procurar a liberdade democrática e encontrar os valores elitistas de uma Plutocracia.

A palavra Plutocracia significa "governo dos ricos", uma versão da oligarquia (governo dos mais poderosos) adaptada aos modernos tempos económicos.
Pela sua própria natureza, a plutocracia é um sistema de poder contrário à democracia, cujo significado é «governo do povo» ou «governo popular», pois a primeira concentra os poderes de decisão governativa numa elite, excluindo a demais parte da população que assim se vê privada de voz activa nas principais decisões da sua comunidade,região ou país, decisões essas que mais tarde o vão afectar no seu quotidiano, quer na sua vertente profissional ou pessoal, onde poderá ver mais limitadas ou expandidas as possibilidades de melhorar a sua qualidade de vida.

Uma mal-estar surge de imediato quando alguém forma a suspeita de um governo das elites no actual estado "democrático" no mundo. Porém esse pensamento generalizado advém da existência quase global de eleições na maioria das nações mundiais onde a população elege os seus líderes sem que tenha qualquer palavra a dizer sobre as opções que estes tomam quando estão no poder.



«Eleições livres de mestres não abole os mestres ou os escravos.»
- Herbert Marcuse

O que acontece quando as elites tomam controlo do poder das nações e populações? Estas usam-nas para os seus próprios interesses, senão vejamos as actuais políticas do governo norte-americano para a solução da crise actual ao baixar impostos que benificiarão muito mais as famílias com rendimentos anuais acima de um milhão de dólares, do que as famílias com rendimento médio de 56 000 $, pois enquanto as mais ricas poderão contar com mais 58 000 $ por ano, a grande parte da população norte-americana terá apenas mais 1180$ contabilizados. Quem quiser saber mais e tenha conhecimentos de inglês, ponho aqui em baixo o link do artigo onde fui buscar as informações.
- http://www.nytimes.com/2007/01/08/washington/08tax.html


Dentro da civilização ocidental é na Europa que se vai mais longe na tentativa de tornar a vida mais fácil ás empresas e aos nossos plutocratas, ao aumentar o horário de trabalho semanal «de 48 para 60 horas[e até ao máximo de 78 horas]», esta directiva parece ir de encontro ao novo conceito de flexi-segurança que dizem ser a resposta para um mercado de trabalho maisflexível. No entanto esta «Liberdade Laboral»(Labour Freedom) como designam os neo-conservadores americanos do The Heritage Foundation vem apenas tornar mais fácil despedir empregados precários(recibos verdes ou estagiários), pois numa União Europeia onde a taxa de desemprego é de 6,8% e onde em alguns países chega aos 10%, é muito fácil a uma administração ou patrão arranjar alguém disposto a trabalhar por menos sem que este reclame por mais direitos laborais.
- in Courrier Internacional, Edição de Setembro, pág. 30.


Na Ásia, as multinacionais têm carta branca para se instalarem e explorarem as populações locais. Neste registo de exploração surgem empresas como a «Nike, Reebok, Adidas, Puma, Hi-Tec» . Neste site(*), o autor deste artigo explica a história da Nike na Ásia, focando-se na sua política de emprego, ao pagar apenas o salário mínimo aos trabalhadores - 2,50$ por dia,na Indonésia, quando o rendimento necessário à sobrevivência diária neste país custa 4 a 4,5$. Porém, temos também o exemplo do Vietname, local em que três refeições diárias custam 2,10$ e os operários vietnamitas da Nike ganham 1,60$ por dia.Sem referir a obra de mão barata na China, em que centenas de milhões de camponeses deste país enchem as fábricas das grandes multinacionais e em que recebem pouco mais que o salário mínimo e vivem miseravelmente, ou o trabalho infantil na Índia. Mas isso,será tema para outro post.
(*)- http://www.clrlabor.org/alerts/1997/nikey001.html


Na América do Sul e em especial na Colômbia, empresas que valem biliões como a Chiquita(a multinacional das bananas) financiou vários grupos para-militares colombianos de direita (AUC; ELN) e esquerda (FARC) para massacrar 24 homens da aldeia de Chengue,neste artigo reportam-se que as mortes foram executadas através de «esmagamento do crânio com pedras e uma marreta». A tomada de terrenos férteis ao crescimento da banana foi a razão desta multinacional financiar grupos terroristas para matança de civis.
- in http://upsidedownworld.org/main/content/view/684/1/

Também na Colômbia, a Coca-Cola, uma das mais carismáticas marcas mundiais pagou serviços a grupos para-militares para matar oito lideres sindicais de fábricas em vários locais deste país (Pasto; Carepa; Monteria; Baranquilla). Além da morte de sindicalistas,os para-militares contratados pela Coca-Cola «torturam, raptam ou detêm ilegalmente» trabalhadores de modo a quebrar a luta por mais direitos e mais condições de trabalho que respeitem as suas condições humanas. Para quem quiser saber mais sobre este caso, disponho aqui o site.
- http://www.killercoke.org/crimes.htm


Em África tudo o que é mau no mundo parece assumir proporções cem vezes maior e neste site(*) existe um artigo com o qual ficamos a saber que as principais empresas que distribuem e vendem chocolate beneficiam de mão-de-obra infantil costa-marfinense, de facto, 40% das reservas de cacao no mundo residem na Costa do Marfim e este é extraído por cerca de «109 000 crianças que laboram em condições péssimas», como reconhece o Departamento de Estado Americano. Desse número 15 000 são crianças dos «9 aos 12 anos», muitas delas vindas do Mali, «que foram levadas em engano ou vendidas à escravatura nos campos de cacau da África Ocidental, muitas por apenas 30$»Apesar da Nestlé estar a par desta tragédia e ter jurado pôr-lhe cobro, a multinacional«falhou».
* - http://www.doublestandards.org/exchange1.html


Outro exemplo da exploração das populações dos países de terceiro mundo vem da indústria do café, onde apenas quatro empresas multinacionais - Proctor and Gamble, Philip Morris,Sara Lee e a Nestlé(outra vez...) - controlam cerca de 40% das vendas de café a nível mundial. Mas enquanto as distribuidoras desta matéria alimentar estão a lucrar com os preços crescentes deste produto, o preço dos grãos de café pago aos produtores desta cultura têm descido. Ou seja, temos uma situação em que uma bica custa tanto quanto um quilo inteiro de grãos de café: 50 cêntimos.

E este negócio atinge países no coração de África como a Etiópia, Burundi, Uganda, Burundi e Zimbábué como nações da América Latina, Colômbia, México ou Guatemala. Quem quiser um conhecimento mais aprofundado sobre esta situação, visite a minha fonte.
- http://revcom.us/a/v23/1110-19/1110/coffee.htm


«Os defensores do capitalismo são muito aptos a apelar aos princípios sagrados da liberdade, que são encarnados numa máxima: Os afortunados não podem ser restringidos do exercício da tirania sobre os desafortunados.»
- Bertrand Russel

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