Em 1993, o Canadá via-se cercado por notícias que alertavam para um «muro de dívida» que se iria abater sobre o país caso não fossem tomadas previdências.
A «catástrofe financeira» provinda da «crise do défice» assolava os canadianos com frequência cada vez que na televisão ou nos jornais os "peritos" e os "economistas" tinham a palavra. Falava-se até na possibilidade da Moody's e da Standard & Poor's baixarem o rating da economia canadiana e os investidores estrangeiros retirarem o seu dinheiro do país de forma galopante e repentina.
A Statistics Canada argumentava que a «crise» era causada pelas «altas taxas de juro, que fizeram explodir o valor da dívida». Logo surgiram vários Messias com a solução. Corte nos gastos públicos como a saúde, a educação, seguros de desemprego e programas sociais.
Curiosamente, Vincent Truglia, analista sénior da Moody's para a economia canadiana, afirmava que «considerava o Canadá um investimento excelente e estável», apesar de ter recebido telefonemas de grandes empresários e bancos canadianos para «emitir relatórios negativos» sobre a situação económica do Canadá.
O facto do rating canadiano se manter estável e elevado dificultava a tarefa de manter os canadianos amedrontados, mas com todo o celeuma gerado e que continuava a pairar nos mercados, Truglia decidiu fazer um «comentário especial», no qual explica que «vários relatórios publicados recentemente exageram grosseiramente a posição da dívida fiscal do Canadá. Alguns deles contaram o número duas vezes, enquanto que outros fizeram comparações internacionais inapropriadas(...). Estas medições incorrectas podem ter desempenhado um papel nas avaliações exageradas da seriedade do problema da dívida do Canadá».
Após o seu comentário, Truglia recebeu um telefonema zangado e aos gritos de um membro de uma grande instituição financeira do Canadá. Algo que nunca lhe tinha acontecido.
No entanto isso não impediu o Capital canadiano de atingir o seu objectivo. O Governo, na altura liderado pelo Partido Liberal, cortou a eito nos subsídios de desemprego e apesar das várias mexidas nos orçamentos desde então, o valor perdido nunca mais se recuperou.
Mais tarde, foi posto a descoberto que a crise tinha sido manipulada e nunca tinha havido «muro de dívida» nenhum. Mas o estrago já estava feito.
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