quarta-feira, 31 de março de 2010

A luta pela sustentabilidade ambiental não é a Guerra Fria

O recente escândalo sobre a suposta falsidade científica do Aquecimento Global veio causar uma reviravolta curiosa na discussão acerca do meio-ambiente.

O Aquecimento Global, alegado fenómeno natural em que as temperaturas aumentam com consequências graves para a sociedade humana, tem vindo a ser disputado por uma ala esquerda e ecologista e uma ala direita e conservadora que atribuem a culpa quer à acção humana, quer aos ciclos naturais do planeta, respectivamente.

A discussão já vai tão longa e foi tão mediatizada que é impossível fazer referência ao Meio-Ambiente sem se falar do Aquecimento Global e falar deste é mencionar os desastres ambientais que vemos, quer seja na televisão ou com os nossos próprios olhos.

"À pala" da visão de "esquerda" do Aquecimento Global, dominante e incontestável até à pouco, lançou-se o comércio de emissões de carbono, sem resultados de mais para o ambiente e com o enfardar de carteiras da Burguesia internacional.

A reacção à descoberta de que o Aquecimento Global pode não ter causa humana deu legitimidade e espaço mediático às explicações da ala direitista e conservadora, mais preocupada em dar passe-livre às multinacionais para continuarem os ataques brutais ao meio-ambiente sem terem de acatar responsabilidades por nada. Para estes, a ciência só é válida quando convém aos seus interesses.
E a curiosidade está aqui. Rejeitando a tese de que o Aquecimento Global tem mão humana, desaparece de igual modo da discussão política os atentados ao meio-ambiente e a insustentabilidade de um modelo de crescimento baseada na tese insana de que o planeta tem recursos ilimitados.

E eis, como se de um passo de mágica se tratasse, já não importam as descargas poluentes, sobrecargas de lixo, devastações de espaços verdes e o consumo de combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) cujas reservas seguramente não são infindáveis.

O que estes génios da lógica falaciosa não entendem é que o Meio-Ambiente não é a União Soviética e a sustentabilidade ambiental não é a Guerra Fria.
A poluição da água, a escassez de recursos energéticos e o aumento de fenómenos climatéricos extremos não são controlados e ordenados por um Politburo que organiza paradas militares nos feriados nacionais numa cruzada ideológica contra o Capitalismo, nem desaparecem com a vitória da contra-guerrilha ideológica da direita sobre os ecologistas.

Os danos que causamos à Natureza serão pagos, quer os ideólogos dominantes andem de florzinha na mão ou lucros financeiros na cabeça.

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