sábado, 2 de outubro de 2010
Uma antiga história com fim esperançoso
Já ouvimos esta história várias vezes. E se em diferentes alturas, por vezes com diferentes actores, passou-se muitas vezes no mesmo local.
A história é a seguinte.
Um povo que foi condenado ao capitalismo mais selvagem e a um Estado corrupto e serviçal dos inimigos do povo decidiu que estava na altura de quebrar com esse rumo e elegeu um governo progressista que tem garantido uma série de mudanças anti-neoliberais e de reforço da soberania nacional.
Porque não quis que o seu país fosse teatro das guerras imperialistas, também decidiu expulsar as bases militares da superpotência estrangeira do seu território.
Ora, quem demonstra tamanha audácia e nobreza política, sabe que pode esperar uma réplica a altura de quem depende da servidão de povos inteiros para manter vivos os jogos de dinheiro.
O Império, através da embaixadora Heather Hodges, duas organizações que promovem a "democracia" e muito dinheiro à mistura, foi comprando a lealdade de certos sectores das forças da polícia e da Força Aérea para garantir que tinha mãos que empunhassem as armas da "democracia" e foi adquirindo o "activismo cívico" de algumas organizações políticas (Participación Ciudadana e Pro-justicia), indígenas (CODEMPE, Pachakutik, a CONAIE, a Corporación Empresarial Indígena del Ecuador e a Fundación Qellkaj), movimentos estudantis e até partidos "comunistas" de raíz maoísta e hohxista, o Partido Comunista Marxista-Leninista do Ecuador e o Movimento Popular Democrático.
Utilizando a desculpa de cortes nos «privilégios ilegítimos da polícia» o Império quis, qual dono de um cinema, repetir o trágico filme a que já assistimos demasiadas vezes: a deposição de um governo progressista e a sua troca por uma escumalhada militar, corporativa e empresarial munidos de um programa de extrema-direita com o intento de esmagar todas as conquistas pelas quais os trabalhadores lutaram.
O líder da oposição, o direitista Lúcio Gutierrez, já se preparava para tomar a governação do Equador pós-golpista.
Só que desta vez a história não teve o fim que o Império desejou.
O presidente Rafael Correa, mesmo convalescendo de uma intervenção médica, resistiu ao cobarde ataque e apelou ao exército e ao povo para proteger a «Constituição e a legalidade» e tanto um como o outro comportaram-se à altura das circunstâncias.
O exército rompeu o cerco policial e resgatou Correa do quartel, o povo saiu às ruas em protesto contra uma acção que sabiam ter intenções anti-populares e por um governo que reconhecem ter respondido a algumas das exigências do povo.
Nas fileiras de apoio a Correa, junto das massas, encontravam-se militantes e activistas do Partido Comunista do Equador e da Juventude Comunista do Equador, com um espírito de resistência que só os verdadeiros comunistas demonstram nos momentos de maior aperto.
O golpe de estado falhou e redundou em intentona, tal como na Venezuela em 2002 e na Bolívia em 2008.
Fica a mensagem para o Império e os senhores do dinheiro.
A América Latina é cada vez menos o «quintal das traseiras» dos EUA e os povos deste sub-continente aproveitam o actual período histórico para fortalecer a sua soberania.
No entanto há que ressalvar que sendo positivos os processos políticos progressistas a decorrer em vários países latino-americanos, isso não apaga a necessidade da edificação de um regime socialista e da tomada do Estado pela classe trabalhadora de modo a garantir a vitória dos povos sobre a exploração capitalista e as ingerências do Imperialismo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
O Povo equatoriano provou que é possível resistir e lutar!
Lamento sempre que nas Honduras a mesma vitória não tenha ocorrido, às mãos dos mesmos tiranos de sempre. Mas o Povo resiste!
Muito bem! (mais uma vez)
Um abraço.
Nelson Ricardo
O governo social-democrata liberal de Rafael Correia, progressista,anti-imperialista, corajoso quando rápidamente esqueceu todas as promessas populares que se comprometeu e quando mantem uma politica de bom relacionamento com a politica norte-americana?
Pode ser que não tenhamos razão, pois falta-nos muitas informações e dados para analisar este caso.
Não entanto não acha confuso e esquisito o apoio imediato dado pela Administração Americana através de Hilary Clinton ao governo equatoriano e a Rafael Correia, como inclusive as medidas imediatas tomadas pela reunião da UNASUL onde estavam em maioria os presidentes da Colombia,Perú,Chile,Uruguai e da Argentina, que como todos sabemos, trata-se de verdadeiros lacaios e fiéis aliados da politica agressiva norte-americana na região, como ainda estranho a rapidez com que estes actuaram e as medidas que tomaram quando comparadas com aquelas que decidiram em relação ao golpe fascista nas Honduras e a moderação com que hoje encaram o novo governo hondurenho.
Esquisito também é o facto,de os generais e coróneis do exército equatoriano, formados nos USA e também fiéis lacaios da politica norte-americana,não aparecerem como implicados neste processo.
Entretanto consultem "averdade.org.br" e analisem as razões pelo qual o povo equatoriano tem protestado contra as politicas de R.Correia.
cumprimentos
"achispavermelha.blogspot.com"
A CHISPA!
Visitem "achispavermelha.blogspot.com" e façam os vossos comentários ao artigo produzido sobre a Greve Geral.
Bem haja
A CHISPA!
SMVasconcelos: De facto, o golpe de estado nas Honduras insere-se na linha de ataque à soberania dos povos latino-americanos e infelizmente não falhou, mas a resistência do povo hondurenho é heróica e certamente colherá os seus frutos. Bjs.
Fernando Samuel: Obrigado. Um Abraço.
El Comunista: O processo político no Equador é de facto complicado e Correa tem muitas falhas mas as provas de que a USAID e o NED financiaram oposição e corromperam o corpo policial e a força aérea, além de Gutierrez preparar para suceder-se a Correa, indica que o golpe de estado era pró-imperialista e reaccionário. Cumprimentos.
Enviar um comentário