terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eleições regionais na Rússia - Partido Comunista russo afirma-se como grande oposição à reação nacionalista de Putin


A "Rússia Unida" de Putin foi a grande vencedora das eleições regionais e municipais, reforçando o seu domínio sobre o aparelho estatal russo e a continuação do controlo dos "oligarcas" sobre os destinos do povo russo.

O Partido Comunista da Federação Russa também marcou presença na disputa eleitoral e reforçou-se como grande força de oposição aos Nacionalistas da Rússia Unida, manietadas por Putin e pela "família" de oligarcas económicos que enriqueceram rapinando o património que pertencia ao povo da antiga União Soviética. Os liberais e os ultra-nacionalistas ficaram atrás do PCFR, chegando a não obter nenhuma representação na Duma (assembleia) local de Moscovo, subsistindo o monopólio da Rússia Unida com 32 representantes e a oposição comunista com 3 deputados. A popularidade crescente do Partido Comunista na Rússia chega a um ponto em que numa sondagem, o seu secretário-geral Guennad Zyuganov, fica apenas a cinco pontos de Medvedev caso acontecesse hoje o sufrágio presidencial russo.

Já existem acusações de fraude vindas de todos os lados da oposição e Zyuganov afirma ir a tribunal para contestar cada eleição enviesada, porém, a subversão do Capital começou logo na campanha, com a proibição de 68 outdoors do órgão comunista Pravda na capital russa, questionando os cidadãos "vive ou sobrevive nesta cidade? Admita a realidade!", realçando a discrepância entre a vasta maioria dos cidadãos e trabalhadores moscovitas e uma classe de gente que vive e faz a sua vida em bairros privilegiados.

Para os que afirmam as "virtudes" da democracia russa, podem deparar com o facto de uma sondagem mostrar que apenas 3% dos inquiridos acreditam que a votação seria completamente honesta, além de que o presidente de Moscovo está envolto em corrupção, inclusivamente utilizar todos os meios para transformar a sua esposa, uma magnata do imobiliário, a mulher mais rica da Rússia, isto sem contar com a utilização política dos professores, que são obrigados a dizer às crianças para pedirem aos pais que votem na Rússia Unida.

Para mostrar a trágica situação social e económica russa o PCFR escreveu um texto sobre a actual situação do país, povo e classe trabalhadora que defende incansavelmente e que o Avante! traduziu:

«O Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) divulgou um relatório onde revela algumas das consequências de 15 anos de capitalismo no país e identifica profundos retrocessos sociais face à ex-URSS. Segundo revelou o PCFR, em 2006, o salário real era duas vezes inferior ao praticado em 1990, as reformas duas vezes e meia, e as bolsas académicas sete vezes.

Na sequência do encerramento de mais de 70 mil unidades industriais e do abandono das terras (estimado em cerca de 35 milhões de hectares), o PIB do país caiu 200 por cento e as importações de géneros alimentares estão agora em metade do total do consumo. O consumo de calorias per capita caiu para um terço face aos valores registados na União Soviética e o consumo de leite é duas vezes menor, afirma ainda o PCFR.

Neste contexto, não é de estranhar que a esperança média de vida tenha recuado 10 anos; que a altura média dos russos tenha decrescido 1,5 centímetros; que 15 por cento dos jovens que ingressam no exército apresentem sinais de desnutrição; e que a população tenha decrescido em cerca de 12 milhões.


No que ao trabalho e à repartição da riqueza diz respeito, 25 por cento dos russos em idade activa encontra-se em situação de desemprego e na capital, Moscovo, a diferença entre os 10 por cento mais ricos e os 10 por cento depauperados é de 41 para 1, ao passo que em 1990 era de 4 para 1.
O número de crianças na escola reduziu-se em 25 por cento e mais de quatro milhões de menores vivem nas ruas.»

1 comentário:

Op! disse...

As benesses do capitalismo são imensas.