terça-feira, 27 de outubro de 2009

Que faça neve em Agosto!


O primeiro-ministro Gordon Brown, que a olhar para a paisagem política britânica não o deverá ser por muito mais tempo, «defende a criação» de dez milhões de empregos na União Europeia até 2014, como parte do plano de recuperação económica mundial.

Estes episódios de voluntarismo político, seguramente cheios de boa vontade, em nada resolvem os problemas que afectam os trabalhadores. Vejamos, como é que Brown quer criar estes 10 milhões de emprego? Com mais empresas de serviços? Como se a economia europeia não estivesse já lotada com o sector terciário? Com mais sector industrial? Mas que iriam os nossos governantes fazer? Ir de porta em porta às mansões dos CEO a pedir que transferissem as suas fábricas no terceiro mundo onde pagam misérias aos trabalhadores e zero de impostos, para a Europa, onde seriam obrigados a pagar mais aos assalariados e pelo menos a garantir um mínimo de condições de segurança no local de trabalho? Ou iriam criar empregos nas pescas e na agricultura? Mas para a Burguesia será mesmo lucrativo deixar de ter os camponeses do primeiro e terceiro mundo a competirem uns contra os outros, mal garantindo rendimentos sustentáveis?

Como então?

O mais provável é continuarmos na linha das "criatividades financeiras". Do "desenvolvimento" económico à base da especulação e na mão dos accionistas, à espera de ser implodido por qualquer "rebentar" de bolha e crise bolsista.

Por muito honesta e bem intencionada que seja a promessa do PM inglês e seus correligionários, a vontade política por si só nada resolve, é como pedir que faça neve em Agosto.

O problema para o emprego encontra-se na crítica marxista-leninista ao capitalismo e à apresentação das suas soluções:

«Na sociedade capitalista, o trabalho é um assunto pessoal. Quando o proletário é contratado por um capitalista para trabalhar em proveito deste, a sua única preocupação é obter meios de subsistência. Quer trabalhe ou não, é um problema pessoal seu, que no fundo não interessa à sociedade, mesmo que o número de desempregados, por exemplo, atinja um número tal, como hoje sucede em todo o mundo capitalista mas só no mundo capitalista, que a sua existência põe em perigo toda a vida económica do país. Na sociedade socialista, pelo contrário, o trabalho de cada cidadão reveste desde o princípio a forma de trabalho social e é considerado como um assunto público».

- O Socialismo e o Comunismo Científicos, por Leonid Minaev, Edições Avante.

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