segunda-feira, 18 de maio de 2009


"A investigação, detecção e repressão de crimes graves por parte das autoridades competentes" é o pretexto para que o governo português, através da União Europeia, adopte a Lei 32/2008, que fará com que «toda a informação de tráfego - local, identificação da ligação do emissor e receptor, hora, duração - das chamadas telefónicas via Internet e do correio electrónico» seja «guardada pelas operadoras durante um ano».

Esta directiva europeia, já transporta para a lei portuguesa, vem na linha de pensamento de todas as outras medidas controleiras e securitárias saídas da paranóias pós-11 de Setembro. Não bastava a vídeo-vigilância galopante e os chips nas matrículas de carros, agora a Internet será também ela um campo de concentração electrónico.

E ao mesmo tempo que quem nos impõe estas leis grita liberdade, as nossas vidas tornam-se mais pequenas e vigiadas, gritam democracia para legitimarem a sua tirania enquanto manipulam as forças da autoridade para moldar a sociedade aos seus caprichos.

Vindo do Público, deixo aqui as palavras de José Vítor Malheiros sobre o assunto.

"
Um pouco menos de liberdade,
Um pouco mais de controlo

De cada vez que se coloca a questão de reduzir os direitos dos cidadãos e de reforçar o controlo dos seus gestos em nome da segurança(ou "combate ao terrorismo", designação-papão que os campeões do cerceamento das liberdades preferem), faz-se sempre uma entusiástica apresentação dos benefícios que as medidas em questão vão trazer no caso de tudo correr bem.

Mas nunca se faz uma avaliação dos malefícios que as medidas trarão no caso de tudo correr mal. E, no entanto, não é preciso chamarmo-nos Murphy para saber que as coisas podem correr mal.

A lógica da directiva é: os terroristas usam a Internet. Portanto, o melhor é partirmos do princípio de que somos todos terroristas e vigiarmo-nos a todos como se o fôssemos. Melhor: damos a algumas pessoas o poder de vigiar todos os outros. É caso para perguntar se não seria melhor considerarem desde já que somos mesmo todos terroristas, à la Bush, e meterem-nos desde já na cadeia.

A triste, iníqua, antidemocrática e parafascista directiva europeia sobre o arquivo de dados das comunicações que está em fase de regulamentação entre nós é mais um fruto desta mentalidade mais ditatorial que securitária, que considera que a segurança e a liberdade são incompatíveis e que, quando é necessário escolher entre as duas, se deve sempre estrangular cuidadosamente a segunda.

Espanta ver tantos liberais encantados com este princípio, como se não soubessem que, quando uma nação considera a liberdade como secundária, é certo e sabido que perderá a liberdade...e depois todo o resto."

1 comentário:

Op! disse...

Boa bandeira, até dá a ideia que a original tem erro de impressão!

Não nos devemos espantar quando devemos espantar quanto os liberais aplaudem esta ideia. Não são os liberais aqueles que pretendem a liberdade de fazer o que bem lhes apetece incluindo passar por cima dos outros?