quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E Portugal?

A transferência de quantias massivas de dinheiro para o sector financeiro e a fraca colecta dos impostos causados pela crise da economia real está a ter efeitos visíveis nas políticas do governo irlandês.

Com um défice revisto em 11,75% do PIB, o governo irlandês decidiu cortar em 10% os salários dos funcionários públicos, passará à redução de ajudas sociais para os desempregados e às famílias com filhos, também irá retirar mil milhões de euros aos serviços públicos e poderá vir a aumentar impostos em 2011.

Mas não pára aqui. A Grécia já anunciou um défice de 12,7% e um endividamento que corresponde a 110% do PIB, o que equivale a algo como 300 mil milhões euros.

O recém-formado governo grego do PASOK (socialistas) já anunciou que vai reunir com os restantes líderes partidários para encontrar soluções adequadas na luta contra a corrupção e a fraude fiscal. Numa onda de solidariedade europeia para como o aflitivo país mediterrânico, o primeiro-ministro luxemburguês já excluiu a hipótese de falência da Grécia, porém o próprio ministro das finanças helénico escreveu num artigo para o Wall Street Journal que a dívida estatal e o custo de cobri-la subiu.

O presidente do Banco Central Europeu já veio pedir medidas "corajosas e necessárias" ao governo grego, o que se suspeita tratar-se de políticas semelhantes às que ocorreram na Irlanda.

De salientar que cá no burgo, muitos analistas e economistas compararam o nosso país tanto com a Grécia e à "solidificação das suas contas públicas", como à Irlanda e o seu farto crescimento económico.

E Portugal? o nosso défice atingiu os 8,4% do PIB e sabe-se lá quantas vezes irá ser revisto durante o ano de 2010, o desemprego aumenta a olhos vistos o que significará uma menor colecta de impostos (dado haver menos consumo na economia) e o governo não cessa de esbanjar oportunidades para obter melhores receitas do sector empresarial do Estado.

É bem possível que se venham a tomar medidas drásticas que levarão ao corte de salários, despedimentos na Função Pública e redução dos fundos públicos para as ajudas sociais e os serviços públicos. A quem aclama e elogia estas políticas, é de lembrar que sem as ajudas do Estado, a real taxa de pobreza em Portugal abrange 40% da população.

2 comentários:

filipe disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nelson Ricardo disse...

Filipe: obrigado pelo comentário, contudo pelo que leio tu deves ter querido comentar o post acima.

Seja como for fica registado, embora ainda vá fazer algumas alterações ao post sobre os liberais (melhoramentos ortográficos e introdução do nome de quem são os ideólogos neoliberais - friedman e hayek)

Talvez faça um segundo post sobre os liberais portugueses, nomeadamente o seu lema sempre pronto a usar: «menos estado, melhor estado.

Abraços.