quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Videovigilância e a sociedade que ela representa avança sobre o país


Fátima, Portimão, Porto e agora Coimbra é o número de cidades que já contam com um sistema de video-vigilância espalhado pelos principais espaços públicos.

O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, veio afirmar à Immprensa que a «videovigilância é necessária em espaços públicos para reforçar um sentimento de segurança e para prevenir o crime». Adicionando em seguida que é um «instrumento muito útil» e que ajudará a polícia a cumprir «mais cabalmente as suas missões».

O presidente da Câmara coimbrã, Carlos Encarnação, acredita que a videovigilância tem «vantagens absolutamente indesmentíveis» por garantir que trará mais segurança às pessoas.

Com um custo de 88 mil euros, a videovigilância estará situada na baixa e centro histórico com um funcionamento das 21 horas às 7 da manhã.

Este projecto insere-se naquilo a que o ministro chama de «Plano Nacional de Videovigilância» e que o jornal público diz em título que deverá ser alargado a mais cidades.

Desde a inserção da vigilância em espaços privados, onde ai! de quem critique a santificada e benzida propriedade privada, a cultura de tudo querer observar com o pretexto de haver mais segurança, mas que esconde o desejo de uma sociedade homogenizada e em que a bovinidade mental é partilhada alegremente pelas consciências das massas.

Este tipo de equipamento de observação colectiva foi introduzido num período crítico da sociedade portuguesa, em que ainda atravessa alguma tranquilidade e pouca contestação política à situação social e económica. Arautos da "liberdade" vêm continuamente apelidar ao actual sistema democrático de "regime". António Barreto vem a um jornal económico afirmar que a justiça do "regime anterior" era melhor que a do actual.

Uma elite mediática parece perfilar-se sobre o povo português como um bando de corvos num futuro cenário de desgraça a anunciar a fragilidade do que está prestes a ser morto.

A Democracia que nós temos, saída de Abril e a receber golpes desde o 25 de Novembro, por muitos males que tenha, garante uma pluralidade de vozes e escolhas políticas que nenhum «presidencialismo» pode substituir, é o mínimo que uma democracia pode oferecer.

A partir do momento em que temos um regime com eleições livres cujo objectivo é apenas legitimar quem está no poder e não contribuir para a discussão democrática da construção do país, entramos numa secundarização do papel popular e numa concentração ainda maior das decisões políticas numa elite governativa, presidencial e acima de tudo, económica.

Sem comentários: