«Por causa de conversas no Facebook a TAP resolveu enviar nove pilotos da empresa para um “curso de ética” sem que um processo disciplinar tivesse ainda tido lugar. O sindicato garante que os comentários destes funcionários “não constituíram a violação de qualquer dever laboral”.«Durante o último século tememos a omnipresença do Estado. Que vigiaria cada um dos nossos passos e trataria da nossa reeducação de cada vez que nos desviássemos do caminho certo. E boas razões tivemos para os nossos temores. As tiranias, muito dadas a eufemismos que escondam a banalidade da repressão, deram e dão e às seus prisões o bondoso nome de “campos de reeducação”.
No próximo século o Big Brother será outro. É na empresa que se decidem todos os pormenores das nossas vidas: as horas que nos restam para viver, se podemos ou não ter filhos, a roupa que vestimos, as opiniões que podemos ter. E também elas trataram dos seus eufemismos. Os trabalhadores são colaboradores. Um despedimento é uma dispensa de serviços. Vários despedimentos são uma reestruturação. Uma punição é um “curso de ética”. Em inglês soa melhor: “corporate crew resource management”, disse fonte oficial da TAP à Lusa. O 1984 e a sua novilíngua aí estão. Em 2010.»
- retirado do arrastao.
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