Já dizia Goebbels*, uma mentira dita várias vezes acaba por tornar-se verdade, e o PS tomou esta máxima como exemplo tal a quantidade de vezes que ouvimos membros do governo ou militantes do partido afirmar que esta é a força política da esquerda moderada, democrática e popular. Quase dá para acreditar nisso.
Mas que dizer quando
o PS (juntamente com PSD e CDS-PP) aprovou uma Lei da Defesa Nacional que governamentaliza por completo as Forças Armadas, aliena este fulcral órgão nacional da figura do Presidente da República e, mais importante, da acção da Assembleia da República. Porém, as decisões aprovadas pela esquerda
moderada, democrática e
popular não param aqui, já que foram atribuídas ás Forças Armadas a tarefa de intervir a nível interno, um caso que não é previsto de todo pela Constituição, e estas intervenções dependerem somente do
Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas e o todo-poderoso
Secretário-Geral de Segurança Interna, ambos propostos pelo Governo para exerceram as suas funções e sempre em cooperação com o Ministério da Defesa. Ou seja, a «governamentalização absoluta« das Forças Armadas, que faz uso da paranóia da
guerra contra o terrorismo para põr em constante alerta e ameaça de pânico o país civil. Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.
Depois temos o inofensivo
Cartão Único do Cidadão, embora aprovado já em 2006 por unanimidade no Parlamento. As informações existentes neste novo documento vai pôr fim ao actual bilhete de identidade, cartão de segurança social, de contribuinte, de saúde e de leitor. Ainda que o então ministro da Administração Interna, António Costa, tenha assegurado que o cartão não vá ter um número único de cidadão ou uma única base de dados referente a todos os serviços públicos, o governo pouca segurança dá a quem teme pela perda total da sua privacidade nas mãos do Mercado e do Estado subserviente ao Capital. Mas atenção. Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.
E para que os grilhões sejam completos e auto-impostos, eis que em tempo de crise mundial
surgem os arautos máximos da esquerda moderada, popular e democrática a demandar à população que eles mesmos querem aprisionar num sistema Orwelliano que lhes deem a maioria absoluta. Para mais quatro anos em que as
liberdades, direitos e
garantias sejam trucidados em prol da paz social(
objectivo muito procurado pelo fascismo salazarista) que a crise pode vir pôr a descoberto que mais não é do que o maquilhar o quadro de um país deitado abaixo pelos interesses capitalistas, onde às desigualdades sociais e precariedade de vida, se juntam agora o sistema de monitorização total e omnipresente.
Tudo para nos proteger. Para o nosso bem.
-corrigido de Lenine para Goebbels.