sexta-feira, 29 de maio de 2009


Aqui deixo um texto retirado d'O lado obscuro da economia, livro escrito pela economista Loretta Napoleoni. Apesar de alguns postulados da obra estarem errados (tais como a perspectiva positiva da queda da URSS, apesar da própria autora apontar a miséria que causou a entrada do capitalismo pelo desmoronado bloco soviético), os apontamentos que ela faz sobre democracia (capitalista) e escravatura são um conjunto de bons argumentos para quebrar o mito da inviolabilidada da democracia burguesa e mais uma realidade desmascarada do Capitalismo.


«À medida que a democracia se propagava, o mesmo acontecia com a escravatura. No fim da década, estimava-se que 27 milhões de pessoas tivessem sido escravizadas em inúmeros países, incluindo em alguns da Europa ocidental. Já em 1990, escravas sexuais eslavas do antigo Bloco Soviético começaram a inundar os mercados ocidentais.

Estas mulheres eram bonitas, baratas e, mais importante que isso, estavam desesperadas. No entanto, o novo tráfico sexual era apenas a ponta do icebergue. A globalização permitiu a exploração do trabalho escravo a um nível industrial, atingindo uma intensidade nunca antes vista, nem mesmo durante o comércio transantlântico de escravos. Das plantações de cacau da África Oriental aos pomares da Califórnia, da florescente indústria da pesca ilegal até às fábricas de produção de produtos falsificados, conforme pude constatar uma e outra vez durante a minha investigação, os escravos tornaram-se uma parte integrante do capitalismo global.

Surpreendentemente, nos tempos modernos, a democracia e a escravatura coexistem naquilo que os economistas consideram uma correlação directa. Por outras palavras, os dois fenómenos mostram tendências idênticas e um condiciona o outro. A década de 1990 confirmou uma tendência surrealista que já se tinha manifestado na década de 1950, durante o processo de descolonização. À medida que as antigas colónias conquistavam a independência das potências estrangeiras e alcançavam a liberdade, o número de escravos disparava e o seu custo descia a pique. Actualmente, o preço médio de um escravo é inferior a um décimo do seu valor durante o Império Romano, uma época da história em que a democracia pode muito bem ter atingido o seu nível mais baixo. Para os romanos, os escravos representavam mercadorias escassas e valiosas que implicavam preços elevados; hoje em dia, existem em grande número e são uma mercadoria descartável, sendo apenas mais um dos «custos de fazer negócios internacionais».

Nas nossas mentes, a democracia e a escravidão raramente estão ligadas porque continuamos a acreditar no pressuposto errado de que o advento da primeira é, de algum modo, uma garantia contra o ressurgimento da última. (...) Hoje é comum acreditar-se que a escravatura é o produto de exploração de países pobres por parte de potências estrangeiras; na realidade, a verdade é exactamente o oposto: a maior parte das vítimas é escravizada e traficada pelos seus próprios compatriotas.»

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Todos os acontecimentos servem para propagar a manipulação ideológica do Capital, ao extremo de envolver o futebol.

A estória é a seguinte...

Com a vitória do Barcelona na Liga dos Campeões, proliferaram os festejos em Roma, cidade que acolheu a final, e também na cidade da equipa campeã. E como é costume acontecer nestas celebrações, alguns dos festejos levam a provocações, distúrbios e conflitos de rua.

Aconteceu em Roma, tal como aconteceu em Barcelona, na zona de Las Ramblas, e a SIC ao reportar o sucedido não conseguiu evitar a sua sanha conservadora e afirmar que foram «anarquistas» e «anti-capitalistas» os causadores dos ditos distúrbios.

A eles não lhes bastam a vigilância por vídeo e através da net, as mentiras que os partidos do Capital proliferam, a democracia podre e falsificada, a sociedade fracturada e o clima de medo. A censura e a propaganda são outra das armas usadas pelo Capital e por estes jornalistas que, quais sabujos da máquina capitalista, se entretêm a espalhar uma verdade que não existe, mas que lhes serve os interesses.

terça-feira, 26 de maio de 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009


Por mais que calem
por mais voltas que dê o mundo
por mais que neguem os acontecimentos;
por mais repressão que o estado instaure;
por mais que lavem a cara com a democracia burguesa;
por mais assassinatos de estado que cometam e calem;
por mais greves da fome que silenciem;
por mais que tenham saturados os cárceres;
por mais pactos que engendrem os controladores de classe;
por mais guerras e repressão que imponham;
por mais que tentem negar a história e a memória da nossa classe

Mais alto diremos:
assassinos de povos
miséria de fome e liberdade
negociadores de vidas alheias
mais alto do que nunca, em grito ou em silêncio,
recordaremos os vossos assassinatos
de gentes, vidas, povos e natureza.
De boca em boca, passo a passo, pouco a pouco.

Salvador Puig Antich - resistente anarquista na Espanha de Franco.

- outro poema excelente retirado do incontornável Cravo de Abril.

Para um país que vive em democracia, o estado da arte em Portugal é no mínimo paradoxal.

35 anos após a revolução que nos trouxe a democracia é facto-comum e bem propagado que os partidos são um problema do sistema e não uma solução para o melhorar. A actividade política é vista pela população como uma parte amaldiçoada da vida cívica, quase como a actividade de actor no antigo Império Romano. Aliás não há dia em que não apareçam jornais a falar do fedor a corrupção que exala do actual momento na democracia.

Curiosamente, embora a actividade política seja mal vista, a crítica em si da política e dos problemas que a caracterizam não é rechaçada, é até tema comum nas "conversas de café".

Pode-se supor que a discussão política dos problemas é corrente entre os cidadãos, porém, tanto a discussão e a actividade política que proponha soluções a esses problemas já é posta de lado.

Porém, as iniciativas religiosas, grande parte delas feitas pela Igreja Católica, estão em franca expansão e não deve haver capital de concelho municipal que não tenha a sua romaria, congregadora da comunidade e principal acontecimento público do município, juntamente com a festa local anual. Grande símbolo desta renovada espiritualidade portuguesa é a transformação em Fátima no centro religioso português com toda a pompa mediática. Se tivermos em conta que a Comunicação Social promoveu os 50 anos de existência do Cristo-Rei em Lisboa como um acontecimento de importância nacional, talvez estejamos mais perto de adivinhar a origem desta expressividade da alma portuguesa.

Quem reparar na sociedade portuguesa, vê que ela está dominada pelos brandos costumes, a democracia deu aos cidadãos a liberdade de discussão e acção, mas 48 anos de fascismo marcaram o pensamento político colectivo, e embora a política ande nas bocas do povo, ele renega pegar-lhe nas mãos.

E quando reparamos que os símbolos do fascismo e os governos deste período são celebrados com uma aura de incorruptabilidade e de dever público inviolável, percebe-se a razão porque os cidadãos estão desencantados com o actual sistema.

Num país em que o nome da democracia anda pelo lodo ao mesmo tempo que o do fascismo é exaltado, só pode resultar numa existência política mortiça, elitista e com escassos rasgos de verdadeira democracia, verdadeira participação do povo.

E quando a democracia é posta num patamar secundário, é questionável a sua existência futura.

domingo, 24 de maio de 2009

Para quem quiser conhecer a realidade da União Europeia e a verdadeira natureza do Tratado de Lisboa.

sábado, 23 de maio de 2009


«O novo «senso comum» da educação capitalista

A educação escolar nos dias que correm já não é considerada uma forma de ampliar as oportunidades, desenvolver programas de educação intercultural, melhorar as oportunidades de vida das mulheres e dos jovens, mas antes uma maneira de organizar a educação escolar com o fim de promover a competitividade, de tornar rentável o investimento na formação dos futuros recursos humanos. Tanto os socialistas, como os sociais-democratas, liberais e conservadores uniram-se para fazer vencer estas novas regras de jogo, condicionando e estreitando os objectivos políticos do que deveria ser um verdadeira educação, como um direito igual para todos.

O aparecimento simultâneo de reformas educativas em diferentes continentes e países, apesar de se materializar em distintos tempos, lugares e formas, leva-nos a concluir que as actuais reestruturações na educação devem entender-se como um fenómeno global e coerente, plenamente sintonizado com a ideologia neoliberal dominante, e que parece vir a configurar-se como um novo «senso comum», tão poderoso que é capaz de condicionar toda a discussão sobre a matéria.

Não é por acaso que o abortado Tratado da Constituição Europeia designa os serviços públicos, tais como o da educação, como Serviços Económicos de Interesse Geral (SEIG), evitando assim definir a educação como um direito, ao mesmo tempo que dilui a responsabilidade do Estado por outros agentes sociais. Ou seja, deixa-se aos provedores privados a iniciativa de desenvolver as suas actividades lucrativas no novo mercado da educação, e só os sectores ou segmentos que não sejam rentáveis serão entregues ao sector público.

Este novo discurso vêm sempre acompanhado pelo chavão da «liberdade de escolha» que se tornou, pelos vistos, a nova base da igualdade entre todos os cidadãos! E já nem sequer se fala que as diferenciações entre os estabelecimentos escolares devam ser minimizadas, proporcionando os recursos necessários àqueles que mais os carecem para poderem melhorar. E isto verifica-se quando precisamente a investigação e análise em educação nos mostra que o sistema de cheques e créditos escolares, e a escolha e o reforço das escolas privadas não favorecem uma melhor educação nem garantem um igual acesso ao bem essencial que é a educação. Uma tal tendência tem mesmo provocado a redefinição e restrição dos fins do que deve ser a matéria própria para a educação, bem como a segregação e o aumento da estratificação social, a drenagem dos recursos das escolas públicas para as privadas, e a transformação da educação num promissor negócio, com óbvias consequências negativas para os jovens dos grupos sociais mais cadenciados.

Aceitar ou não os alunos, com maus resultados nos exames, que provoquem uma consequente descida da posição de uma certa escola no Ranking nacional do mercado da educação, passa a ser uma decisão da gestão das escolas, que conduz à deslocação da atenção sobre as necessidade dos alunos para as necessidades da escola, que passa então a ser o centro da política educativa. No fundo, trata-se de pura gestão empresarial… das escolas, eliminando-se num golpe toda a abordagem personalizada dos jovens educandos e a sua formação integral como objectivo último do sistema educativo.

A introdução dos sistemas e métodos de gestão e funcionamento empresariais nas escolas gera todo um novo ecossistema organizacional que leva à diferenciação dos funcionários docentes( funcionalização do pessoal docente), onde os «ex-professores» se «proletarizam» em tarefas burocrático-funcionais ao serviço da melhor perfomance da escola-empresa. Um fenómeno a que alguns chamam de McDonaldização e que remetem para um gerencialismo e empresarialização das organizações escolares à imagem e ao estilo do que acontece com os conhecidos estabelecimentos de Fast-food espalhados por todo o mundo.

Não se duvida que a escola deva ter uma ligação com as necessidades do mercado laboral. O que já é fortemente questionável é sujeitar as escolas aos diktats do todo-poderoso mercado e fixar metas e objectivos em função das necessidades educativas que não são das próprias pessoas, transformando-as muito simplesmente em puros recursos humanos e mão-de-obra descartável.

A educação deixa então de ser um bem público, uma responsabilidade colectiva, um direito das pessoas, para se transformar em objecto gestionável destinado a servir os objectivos da economia e do mercado, onde a competição individual e as necessidades lucrativas das empresas determinarão as orientações em matéria de política educativa.

Este novo «senso comum» explica, em grande medida, porque é que cada vez mais, muitos jovens, e respectivas famílias, não se preocupam tanto com a qualidade de educação que recebem, e com a igualdade no acesso à educação, preferindo fixarem-se obsessivamente com as boas classificações, custe o que custar, e a simples aquisição de certas competências que possam ser trocadas (ou permutadas) por empregos ( muitas vezes, precários e mal pagos) existentes no mercado laboral.

Eis o que nos espera o refinado negócio da educação do admirável mundo novo do capitalismo global e das suas divindades: a competitividade (a concorrência, a competição e a guerra entre indivíduos e empresas) e o sacrossanto mercado ( transformado agora em deus secularizado que tudo explica e a todos escraviza).»

- retirado do pimenta negra.

85 mil pessoas em Lisboa. Em protesto contra o capitalismo e o seu governo marioneta.

sexta-feira, 22 de maio de 2009


O RJIES (Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior), apadrinhado por Vital Moreira, é o código de lei através do qual as universidades e politécnicos actualmente se regem é um documento que comprova a rendição total da tal "esquerda democrática" à ladaínha do Mercado livre.

É um documento jurídico que faz submisso aos interesses económicos privados todas as componentes das instituições do Ensino Superior Público, gestão, professores e estudantes.

Com o RJIES, a gestão da escola e principalmente o seu Conselho Geral passa a ser composto em cerca de 30% por personalidades de reconhecido mérito. Ou seja, interesses privados com palavras a dizer na decisão do que é público.

Com a passagem das instituições do Ensino Superior Público a Fundação Pública de Direito Privado, a intromissão da primazia do lucro sobre o sentido de serviço público aprofunda-se e a privatização das universidades e politécnicos toma aspectos cada vez mais definidos, mas também encapotados, pois grande parte do financiamento das escolas passarão a depender de fundos de privados. A perversão do Ensino Superior como instrumento de lucro e não de educação ao serviço do povo é mais uma estratégia do Mercado para tornar de alguns aquilo que devia pertencer a todos.

Já são quatro as instituições do Ensino Superior Público que embarcaram em negociações para se tornarem Fundações: a Universidade de Aveiro, a Universidade do Porto, o ISCTE e o Instituto Politécnico de Leiria.

A Juventude Comunista Portuguesa está a actuar para que esta directiva privatizadora não vá avante, consciencializando os estudantes apesar das inúmeras tentativas de silenciamento da sua acção. Aqui deixo o link para um texto desta organização revolucionária sobre a transição para Fundação da UA e da UP.

Quem também aponta a falibilidade do RJIES como código de leis que sirva os melhores interesses da Ensino Superior é António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, que numa entrevista ao Público aponta erros crassos do RJIES, aqui publico as partes de maior realce da entrevista e um link para quem quiser na íntegra.

Foi eleito com base no RJIES, porque é que diz que esta lei já está ultrapassada?
O RJIES é o fechar de um ciclo em que se endeusava a lógica do mercado, da gestão empresarial e parecia que não havia outra maneira de organizar as instituições. Nos últimos seis meses, o mundo avançou de uma maneira tão brutal que muitos destes modelos se tornaram caducos. Temos que inventar outros modelos de funcionamento para as universidades.

Como serão esses modelos?
Há a necessidade de encontrar modelos de maior participação da comunidade académica. Os actuais modelos de organização são o contrário disso pois valoriza-se a eficiência, a eficácia e parece que a participação das pessoas não interessa. A ideia de que os estudantes são clientes é absurda, os estudantes são membros da comunidade académica e devem participar da vida da universidade. Quando a ideia do RJIES foi apresentada, lembro-me de uma frase de Vital Moreira, que chamou ao reitor um CEO [presidente executivo]. Eu não sou CEO, mas reitor de uma universidade. Também explicou que esta reforma pretendia tornar os órgãos de governo da universidade mais manejáveis. Julgo que queria dizer mais geríveis. Mas manejáveis foi, um bocadinho, a boca a fugir-lhe para a verdade. Em vez da participação democrática, o modelo abre a porta a oportunismos e isto não é bom. Quando foi o debate do RJIES, Jorge Sampaio disse que não era sensato que o reitor fosse designado por um colégio tão pequeno e teve razão antes do tempo e soube antecipar uma realidade que é desconfortável. O governo da universidade hoje é mais complicado do que era no passado.

A crise económica veio evidenciar os problemas do financiamento às instituições?
Hoje, finalmente a sociedade portuguesa percebeu que houve um desinvestimento brutal nos últimos anos. Durão Barroso, quando foi aprovada a Declaração de Praga, disse que seria um erro, neste momento de crise que não se investisse nas universidades porque são elas que podem ajudar as sociedades a sair da crise. Esta ideia, infelizmente, não chegou a Portugal. Há um problema de critérios porque o financiamento é pouco transparente.

A totalidade da entrevista, aqui.

quarta-feira, 20 de maio de 2009


Enquanto a Comunicação Social espalhava o choque no país com o mais recente caso de sexualidade nas escolas, em que uma professora falava de sexo em termos menos convencionais nas aulas, o país não teve tempo ou mesmo interesse em reparar noutro passo em frente do securitarismo.


Até aos adeptos mais ferrenhos do securitarismo e da sociedade vigiada, é difícil explicar qual a razão pelo qual é necessário vigiar os estudantes do 5º e do 6º ano (que idade é que têm? 10, 11, 12?).

Porém é fácil compreender a estratégia por detrás desta medida. É a lógica do «desde pequenino se torce o pepino». Ao ambientar as crianças ao facto de serem vigiadas por câmaras nos principais espaços públicos está-se a criar as bases de uma futura sociedade securitária, já que os futuros cidadãos estão a ser treinados para aceitarem com naturalidade a invasão da sua privacidade e vigilância da sua vida.

segunda-feira, 18 de maio de 2009


"A investigação, detecção e repressão de crimes graves por parte das autoridades competentes" é o pretexto para que o governo português, através da União Europeia, adopte a Lei 32/2008, que fará com que «toda a informação de tráfego - local, identificação da ligação do emissor e receptor, hora, duração - das chamadas telefónicas via Internet e do correio electrónico» seja «guardada pelas operadoras durante um ano».

Esta directiva europeia, já transporta para a lei portuguesa, vem na linha de pensamento de todas as outras medidas controleiras e securitárias saídas da paranóias pós-11 de Setembro. Não bastava a vídeo-vigilância galopante e os chips nas matrículas de carros, agora a Internet será também ela um campo de concentração electrónico.

E ao mesmo tempo que quem nos impõe estas leis grita liberdade, as nossas vidas tornam-se mais pequenas e vigiadas, gritam democracia para legitimarem a sua tirania enquanto manipulam as forças da autoridade para moldar a sociedade aos seus caprichos.

Vindo do Público, deixo aqui as palavras de José Vítor Malheiros sobre o assunto.

"
Um pouco menos de liberdade,
Um pouco mais de controlo

De cada vez que se coloca a questão de reduzir os direitos dos cidadãos e de reforçar o controlo dos seus gestos em nome da segurança(ou "combate ao terrorismo", designação-papão que os campeões do cerceamento das liberdades preferem), faz-se sempre uma entusiástica apresentação dos benefícios que as medidas em questão vão trazer no caso de tudo correr bem.

Mas nunca se faz uma avaliação dos malefícios que as medidas trarão no caso de tudo correr mal. E, no entanto, não é preciso chamarmo-nos Murphy para saber que as coisas podem correr mal.

A lógica da directiva é: os terroristas usam a Internet. Portanto, o melhor é partirmos do princípio de que somos todos terroristas e vigiarmo-nos a todos como se o fôssemos. Melhor: damos a algumas pessoas o poder de vigiar todos os outros. É caso para perguntar se não seria melhor considerarem desde já que somos mesmo todos terroristas, à la Bush, e meterem-nos desde já na cadeia.

A triste, iníqua, antidemocrática e parafascista directiva europeia sobre o arquivo de dados das comunicações que está em fase de regulamentação entre nós é mais um fruto desta mentalidade mais ditatorial que securitária, que considera que a segurança e a liberdade são incompatíveis e que, quando é necessário escolher entre as duas, se deve sempre estrangular cuidadosamente a segunda.

Espanta ver tantos liberais encantados com este princípio, como se não soubessem que, quando uma nação considera a liberdade como secundária, é certo e sabido que perderá a liberdade...e depois todo o resto."

domingo, 17 de maio de 2009


A Crise como meio de erigir um Estado totalitário global

“Enquanto a crise financeira e económica atinge o seu ponto máximo, os dirigentes políticos e as elites ocidentais tratam de inculcar na humanidade a ideia de que esta convulsão terminará por «converter o mundo em algo diferente». Apesar desta visão da «nova ordem mundial» continuar a ser vaga e difusa, a ideia principal é bastante clara: um só governo global, dizem, tem de ser estabelecido se não queremos que prevaleça o caos generalizado.”

Continua aqui...

sexta-feira, 15 de maio de 2009



«Se tremes com cada injustiça, és um camarada meu!»
-Che Guevara

Nenhuma revolução ou transformação social se fez com um grupo isolado de pessoas, fechado à sociedade e alienado de outros grupos de contestação. A Revolução de Outubro não foi somente feita por comunistas, mas também por anarquistas, operários e campesinos descontentes com o método sanguinário da Democracia oligárquica de então. Já o Chile de Salvador Allende englobou socialistas, comunistas e progressistas na transformação democrática daquele país.

Porque os problemas de uma sociedade, especialmente a capitalista, são variados e são alvo de diferentes propostas de solução, importa aos que carregam na alma a causa revolucionária congregar os diferentes indivíduos que reivindicam um mundo melhor e estão dispostos a lutar por um objectivo comum de sociedade, de economia e de política.

Este blogue já por várias vezes fez ver que a luta por uma sociedade melhor e verdadeiramente democrática vai desde a acção directa dos cidadãos, aos protestos dos trabalhadores, mas também no voto. Não se pode ser cego e olhar para o espectro partidário afirmando, que são todos o mesmo, pois há quem seja parte do sistema e quem faça parte da História de um povo e o PCP, pelos 88 anos de defesa dos direitos do povo e dos trabalhadores de Portugal, consegue estar no sistema político português, não por politiquices e jogadas manhosas, mas pela disponibilidade revolucionária e desejo de utopia dos seus militantes, desde o funcionário ao voluntário.

Este blogue leva a luta ao voto nas Europeias e Vota CDU!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

"As raças não nos separam. Separa-nos a classe social. O imigrante é teu amigo. O teu inimigo é o capital."

"Querem dividir-nos e que nos odiemos para manterem a exploração. Lutemos irmãos de todas as raças. Lutemos contra a agressão."
-Sin Dios, retirado daqui.


Quando Berlusconi afirmou que uma Itália multi-étnica era uma ideia de esquerda, Dario Franceschini, deputado e líder do centro-esquerda italiano, rechaçou essas afirmações apontando que este é o «século das sociedades multi-étnicas» e que não seria a esquerda ou a direita a intrometer-se nessa transformação histórica do mundo pelos povos e classe trabalhadora mundial.

Apesar das minhas reservas relativamente ao centro-esquerda, demasiadas vezes muito mal mascarada de social democracia, a resposta de Franceschini a Berlusconi acerta no ponto, não só pela sua simplicidade, mas também pela análise política que se pode apreender daí: Um mundo globalizado e de fronteiras permeáveis resulta numa maior mobilidade humana entre países e continentes. Outra análise que se poderá fazer é que a multi-etnicidade não faz parte do discurso político. Não se pode abordar a gestão do que é público assumindo que as pessoas não se vão dar ou recorrer aos mesmos lugares de inserção da sociedade - emprego, habitação, saúde, ensino - devido à sua etnia. Porém, é possível criar divisão com base na etnia. E muito de ela tem servido ao Capital.

A promoção das questões raciais e étnicas resulta na identificação do indivíduo com um grupo com o qual partilha as mesmas características físicas, essa identificação, muito promovida pelos media, vai levar à quebra de consciência de classe, ou seja, os trabalhadores perdem a sua unidade identitária e de acção, que podem reverter em luta reivindicativa, para embarcar na ideia que certo indivíduo, por ser da mesma cor que ele, partilha as mesmas condições sociais que ele.

A divisão da classe trabalhadora sempre foi um objectivo da classe capitalista, pois na luta de classes com que a sociedade se depara desde o início da civilização, só a desunião dos trabalhadores permitiu à elite dominante garantir a sua posição de controlo na sociedade.

Religião, raça ou origem de um indivíduo são alguns dos instrumentos utilizados pelo Capital para dividir os trabalhadores e pô-los uns contra os outros.

Na Europa, esse espectro de uma época negra está a voltar, o esforço que as elites económicas e os políticos do sistema empreenderam para destruirem a capacidade de acção unida dos trabalhadores resultaram em movimentos sociais xenófobos e racistas e ao erguer de forças políticas com ideais iguais.

Só a restauração da solidariedade de classe e do ideal marxista de que os trabalhadores não têm pátria pode parar o ressurgir de fantasmas antigos.

sábado, 9 de maio de 2009



Dia 9 de Maio o regime Nazi conheceu a derrota às mãos da União Soviética. Embora estejamos habituados a aturar o velho e erróneo argumento de «que se não fossem os americanos estávamos a falar alemão», quem derrotou 2 terços da máquina de guerra nazi e viu a sua própria existência em perigo foi a União Soviética. 27 milhões de mortos, 2000 cidades devastados, cercos infernais ás cidades de Stalingrado e Leningrado e o território europeu devastado foi o preço que a União Soviética teve de pagar na 2ª Guerra Mundial. Da mesma maneira que a União Soviética foi um sonho levado a cabo por todo um povo e pela classe trabalhadora do antigo Império Russo, a vitória sobre o Nazismo foi também ela uma vitória de todo um povo. Trabalhadores,milicianos, soldados e partidários(partisan) de toda a terra soviética e comunistas de toda a Europa, puseram fim a um futuro tenebroso para o povo europeu e para o próprio mundo.

Pelos sacríficios que empreenderam em prol de toda a Humanidade, este blog deixa uma sentida homenagem aos heróis da 2ª Guerra Mundial. O seu sonho e amor a uma causa que libertará a Humanidade de todos os intrumentos e sistemas de opressão continuam nos corações de quem sonha por um mundo diferente.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

JOEIRA!
Até quando te calarás, povo?
Até quando te quedarás irresoluto?
Até quando te verei receoso?
Até quando serás ingénuo?
Até quando escutarás
os pregadores
que exploram
a tua inefável candura?
Mestres e guias infalíveis...?
Há-os de voz potente
e de botas ferradas;
há-os mais suaves,
até angélicos
e muito sábios...
Há os que usam,
com palavras demasiado escolhidas,
a tua língua.
Joeira, povo,
com uma peneira finíssima
e esfrega a pele
nos cardos que te rodeiam
até que a dor se torne insuportável,
até sentires a dor soar
como um clarim de combate.
- Félix Cucurull

-poema retirado do Cravo de Abril.

sábado, 2 de maio de 2009



«Sabem, como nós sabemos e o camarada Honório Novo denunciou na AR, que o off-shore da Madeira tem sido intocável para o PS; que o PS tem chumbado sucessivas propostas do PCP no sentido da transparência e informação dos vencimentos individuais dos administradores das empresas cotadas e outras; que o PS tem rejeitado propostas do PCP no sentido do reforço do quadro sancionatório do crime económico; que o PS rejeitou que as burlas e fraudes bancárias (que os casos do BCP e do BPN colocaram mais do que nunca na ordem do dia) passassem a ser punidas com prisão tal como o PCP propõe; que o PS tem rejeitado ao longo dos anos propostas do PCP no sentido da derrogação do sigilo bancário, no sentido da alteração da Lei Geral Tributária permitindo o acesso condicionado da Administração Fiscal às contas bancárias.






- texto retirado do www.odiario.info

sexta-feira, 1 de maio de 2009


Dia 1 de Maio. Dia do Trabalhador. Dia em que as angústias da classe trabalhadora se podem transformar num vislumbrar de um sonho. De um sonho sem injustiças. Sem miséria. Sem pobreza. Sem superiores e inferiores. Um sonho de igualdade e justiça.