sexta-feira, 31 de outubro de 2008


“ Atrás dos Governos que se sucedem, já devem ter percebido a permanência de certas forças, de certos princípios; uma estabilidade desta ordem só pode ser mantida por poderes ocultos que, de facto, governam o país. Mudar nomes ou rótulos de partidos nada significa e as massas satisfazem-se com a aparência… Paralelamente aos Ministérios oficiais existem organismos que agem nos mesmos moldes e cujo poder é muito maior “
- André Hardellet em "Le Seuil du Jardin"

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O capitalismo como o conhecemos até hoje na sua vertente neoliberal acabou. Esta é a máxima mediática a que os governos, empresários e economistas chegaram e que os media propalam como o mais recente momento definitivo da História.
Deste aparente colapso do capitalismo financeiro ressurgirá um capitalismo «regulado e regulamentado», nas palavras de Sarkozy, a miragem do capitalismo de rosto humano ressurge, com a construção de riqueza sediada na economia real e nas pessoas, um sistema onde a dívida dos particular, PME's e Estados ao sistema bancário é amortizada. Uma viragem à esquerda no sistema económico.
Mas isso não é nem de perto, nem de longe o que realmente se está a passar nas engrenagens do capitalismo actual. As benesses que os Estados providenciam à Banca vêm dos impostos colectados aos contribuintes, benesses que mais tarde se irão transformarm deficits estatais demasiado grandes para serem comportados sem mudanças radicais nos gastos do Estado e isso significará que serviços públicos terão de ser cortados a eito. Isso é bom? não, porque continuarão a existir impostos mas desta vez sem que se beneficie o cidadão que terá de desembolsar mais dinheiro para adquirir seguros de saúde e serviços de ensino privados, se o tiver.
Para juntar ao baile há que tomar em consideração o facto de que este dinheiro é dado à banca sem pré-condições a adoptar pelos bancos como juros mais baixos que facilitem a vida aos que têm créditos por pagar. E os bancos também parecem ter adoptado o novo pensamento de que crédito fácil «Nunca Mais!», limitando o acesso ao crédito das gentes mais pobres. Ou seja, aquilo que parecia a morte do capitalismo acaba por ser mais uma vitória desse mesmo sistema na sua versão neoliberal e um passo em frente ao fim dos gastos públicos nos serviços essenciais.
Estamos perante uma «transição de pesadelo», o novo mundo que nos espera depois desta crise não é de todo melhor quanto mais de «rosto humano» é a vitória retumbante dos interesses privados sobre o dos povos e uma jogada adiante à cada vez maior concentração de riqueza numa oligarquia financeira e governativa.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008


Aqui exponho um excerto de um texto de Daniel Oliveira na sua coluna no expresso sobre a natureza dos liberais e do seu comportamento.

"Os ultraliberais teimam em tratar tudo o que aconteça na economia com metáforas naturais. Depois da tempestade virá a bonança. Deixe-se morrer erva daninha e a melhor crescerá mais forte. Negam, com a trivialidade telúrica dos seus argumentos, o carácter político e ético da economia. Todos os domínios da nossa existência são condicionados por um único dogma: a liberdade começa e acaba no mercado. A sua ideologia destrói os fundamentos da regulação da vida em sociedade, que é a razão de ser de qualquer democracia. Sendo amoral e absoluto, o liberalismo económico transformou-se na ditadura ideológica do século XXI e no maior perigo para a nossa liberdade. Pelo mercado, como antes pela raça ou pela revolução, nenhuma vida concreta tem realmente qualquer valor, nenhum valor tem qualquer relevância."
- Daniel Oliveira

domingo, 12 de outubro de 2008

Hoje é um daqueles dias em que vemos cair a máscara dos nossos governantes, da austeridade financeira, dos gastos públicos a serem cortados, do Estado ausentes da vida dos cidadãos.
Mas não existe qualquer sentido de superioridade ou esperança de uma mudança que crie um volte-face na situação. É um sentimento de vergonha e humilhação, termos feito sacrifícios para ajudar o nosso país a superar o malogrado défice, desistirmos de serviços públicos, para obter aqueles crescimentos económicos de 3% ou 4%. Para quê? Para dar 11,7% do nosso PIB à banca, a gente que tem salários astronómicos, que prende os portugueses com dívidas e mais dívidas e juros cada vez mais altos e desta vez é o dinheiro dos nossos impostos que o Estado retém, que irá ser regalado a esta gente, que tem vindo a apregoar os benefícios da sua gestão e da desistência do Estado na economia.
É revoltante.
-http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL795652-5602,00-PORTUGAL+GARANTIRA+EMPRESTIMOS+INTERBANCARIOS+COM+BILHOES+DE+EUROS.html

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Nenhum negócio cuja existência dependa em pagar menos que o salário indispensável às necessidades básicas dos seus trabalhadores tem o direito de continuar neste país."
-Franklin D. Roosevelt

A Autoridade para as Condições no Trabalho veio a público afirmar que 7281 trabalhadores têm salários em atraso, sendo que muitos deles operam em PME's(pequenas e médias empresas).

De resto, veem-se quase todas as semanas notícias de fábricas que fecham e empresas que entram em processo de falência, deixando os trabalhadores sem vários meses de pagamento. É ver as imagens de gente frustrada, cujo sentimento de injustiça é tão grande quanto os anos de trabalho e dedicação a uma empresa que faliu pela ineficiência dos seus gestores ou que os decidiu abandonar por uma paragem mais barata, quase invariavelmente um local onde se paga pior e os empregados reclamam menos.