quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Afirmação política


«(...) Não só não sou moderado como também tentarei nunca o ser(...). Um profundo erro (...) é o de acreditar que da moderação ou do «moderado Egoísmo» é que saem invenções grandiosas ou obras-primas da arte. Para toda a grande obra é preciso paixão, e para a Revolução precisa-se de paixão e audácia em grandes doses, coisas que os homens têm quando formam um conjunto. (...)»

-Che Guevara

retirado do Há Sempre Alguém.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O Exército Vermelho foi um defensor incansável dos povos



Enquanto que no Afeganistão vemos um governo marioneta a permitir o massacre do seu próprio povo pelo Imperialismo da Nato, a entrada das tropas soviéticas no Afeganistão nos anos 80 queriam ajudar o governo de Najbullah a manter as conquistas sociais para os trabalhadores e os direitos das mulheres, tão agredidas na sua dignidade e liberdades pelos Talibãs, fundamentalitas islâmicos financiados pelos EUA.

A presença do Exército Vermelho na Europa de Leste ajudava à manutenção e construção do socialismo neste antigo bloco, impedindo o Imperialismo de colonizar estes povos europeus, o que mais tarde veio a acontecer com a queda da URSS. Não fora o Exército Vermelho e a coligação solidária com os Partisans deste país e não teria o Nazismo sido derrotado.

Em África e na Ásia o Exército Vermelho não abandonava os povos em busca de libertação do colonialismo capitalista e juntamente com o KGB formou quadros militares que foram essenciais às frentes de libertação destas pátrias oprimidas.

O Exército Vermelho, símbolo maior da grandeza militar e ideológica da URSS, não tratou os povos como mercadoria prestes a ser recolhida pela Burguesia, antes ajudou-os na sua libertação e conquista de dignidade.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Que faça neve em Agosto!


O primeiro-ministro Gordon Brown, que a olhar para a paisagem política britânica não o deverá ser por muito mais tempo, «defende a criação» de dez milhões de empregos na União Europeia até 2014, como parte do plano de recuperação económica mundial.

Estes episódios de voluntarismo político, seguramente cheios de boa vontade, em nada resolvem os problemas que afectam os trabalhadores. Vejamos, como é que Brown quer criar estes 10 milhões de emprego? Com mais empresas de serviços? Como se a economia europeia não estivesse já lotada com o sector terciário? Com mais sector industrial? Mas que iriam os nossos governantes fazer? Ir de porta em porta às mansões dos CEO a pedir que transferissem as suas fábricas no terceiro mundo onde pagam misérias aos trabalhadores e zero de impostos, para a Europa, onde seriam obrigados a pagar mais aos assalariados e pelo menos a garantir um mínimo de condições de segurança no local de trabalho? Ou iriam criar empregos nas pescas e na agricultura? Mas para a Burguesia será mesmo lucrativo deixar de ter os camponeses do primeiro e terceiro mundo a competirem uns contra os outros, mal garantindo rendimentos sustentáveis?

Como então?

O mais provável é continuarmos na linha das "criatividades financeiras". Do "desenvolvimento" económico à base da especulação e na mão dos accionistas, à espera de ser implodido por qualquer "rebentar" de bolha e crise bolsista.

Por muito honesta e bem intencionada que seja a promessa do PM inglês e seus correligionários, a vontade política por si só nada resolve, é como pedir que faça neve em Agosto.

O problema para o emprego encontra-se na crítica marxista-leninista ao capitalismo e à apresentação das suas soluções:

«Na sociedade capitalista, o trabalho é um assunto pessoal. Quando o proletário é contratado por um capitalista para trabalhar em proveito deste, a sua única preocupação é obter meios de subsistência. Quer trabalhe ou não, é um problema pessoal seu, que no fundo não interessa à sociedade, mesmo que o número de desempregados, por exemplo, atinja um número tal, como hoje sucede em todo o mundo capitalista mas só no mundo capitalista, que a sua existência põe em perigo toda a vida económica do país. Na sociedade socialista, pelo contrário, o trabalho de cada cidadão reveste desde o princípio a forma de trabalho social e é considerado como um assunto público».

- O Socialismo e o Comunismo Científicos, por Leonid Minaev, Edições Avante.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A União Europeia burguesa constrói a sociedade orwelliana


Boas notícias para as empresas de segurança, vigilância e tecnologia. Más notícias para os antropólogos, sociólogos e psicólogos.

De modo a proteger-nos da "ameaça terrorista", a União Europeia está a envidar esforços para registar e identificar (o mais rápido possível) os comportamentos individuais em locais com largas concentrações de pessoas. Este enorme projecto de "liberdade" do Capital chama-se Detecção Automática de Comportamento Anormal e Ameaças em Espaços Povoados, cuja sigla inglesa é ADABTS.

De acordo com um membro de um instituto "independente" de pesquisa holandês (Defesa e Segurança TNO), com este projecto quer-se monitorizar «todo o comportamento desviante», de modo a utilizar mais eficazmente toda a rede de video-vigilância que se têm vindo a ser instaladas desde os ataques "terroristas" em Nova Iorque, Madrid e Londres.

Nas palavras do próprio jornalista que escreveu o artigo, "seria muito mais fácil se as câmaras pudessem determinar por elas mesmas o que era suspeito e mostrar automaticamente somente essas imagems às pessoas na sala de controlo".

O modo de detecção dos "comportamentos desviantes" deverá ser feita através de um software com informação baseada nos conhecimentos e testemunhos dos seguranças habituados a vigiar as multidões.

«O ADABTS não é só focado no terrorismo, mas também no crime e motins», já que as câmaras no futuro poderão detectar movimentos bruscos dos braços, gritos ou o som de um vidro a partir-se.

Porém, o frenesim securitário não se limita à mera video-vigilância. Encontra-se em projecto, a utilização de câmaras termais, que poderão verificar a temperatura e o ritmo cardíaco das pessoas no seu campo de visão para denotar algum tipo de comportamento nervoso que possa indiciar futura acção suspeita. Um nariz frio ou um um bater de coração entrópico pode ser o suficiente para que as forças de autoridade carguem contra um indivíduo. O que impede até agora a utilização em massa deste tipo de vigilância é o seu alto preço, mas com o futuro elas «estão destinadas a ficar mais baratas».

Antecipando o criticismo à implantação de um campo de concentração tecnológico por todo o território europeu, a UE já criou com fundos próprios o HIDE, «Homeland Security, Biometric Identification & Personal Detection Ethichs», para estudar e prever a recepção da sociedade ao securitarismo galopante.

Uma das previsões do HIDE é que a consciência colectiva de uma vigilância omnipresente poderá levar à formatação massiva do comportamento. Com medo de que possam ser considerados suspeitos, os indivíduos poderão comportar-se todos da mesma maneira.

Curioso ver que como aqueles que celebraram a queda da URSS e do bloco de leste por acreditarem ser sociedades de pensamento único e sem liberdade, são os mesmos que não hesitam em promover e participar na criação de uma sociedade vigiada, um fascismo que nos entra pela vida dentro através das mais recentes "maravilhas" tecnológicas.

Por agora, a apatia geral impede os povos de se consciencializarem dos crescentes ataques da burguesia aos seus direitos como trabalhadores e cidadãos, mas à medida que a crise actual se pode desvelar como uma antecâmara de um capitalismo moribundo é importante lembrar Lenine: «O Fascismo é Capitalismo em decadência».

- retirado daqui.

Gestão empresarial: um novo modelo de fascismo

Imagem- Trabalhadores do Banglandesh a sofrerem a repressão da polícia burguesa.

«As histórias que ficámos a saber sobre a France Telecom nos últimos dias são terríveis: trabalhadores obrigados a mudar constantemente de posto e de funções contra sua vontade em nome da “flexibilidade”; a quem são impostos objectivos irrealistas e que são penalizados por não os atingir; destruição sistemática de equipas de trabalho e do espírito de equipa em nome da “adaptabilidade”; empregados que se vão buscar à casa de banho porque ultrapassaram os dez minutos da pausa-chichi; esquemas de “auto-avaliação” que apenas servem para intimidar os trabalhadores e para os obrigar a reconhecer que falharam e a aceitar penalizações; total ausência de discussão ou sequer de explicação dos objectivos da empresa, sempre impostos de cima; pessoas mantidas isoladas por medidas de “mobilidade” que destroem as relações pessoais entre trabalhadores; obrigadas a competir com os colegas para evitar a “redundância” e o despedimento; com medo da delação dos colegas e das punições dos capatazes, desconfiadas.


As histórias falam de medo, de isolamento, humilhação, perda de auto-estima, de sentido e de identidade, falam de morte. E, no entanto, repito, nada disto é novo, nada disto é diferente. Cada vez mais as empresas se parecem mais com isto, cada vez mais este discurso da competitividade desumana ganha direito de cidade, cada vez mais o stress e o burnout se consideram como o preço justo a pagar pelos elos mais fracos da cadeia, cada vez mais o discurso da “aposta no capital humano”, da “promoção da criatividade” e da “prioridade à inovação” esconde uma prática esclavagista, desumana, repressiva, atentatória dos direitos, da liberdade e do espírito humano. Cada vez mais as empresas são exemplo de uma prática ditatorial, esmagadora das liberdades, da crítica, da expressão e dos indivíduos que, se acontecesse cá fora, na rua, no espaço público, todos julgaríamos inaceitáveis. Dentro da empresa, em nome da competitividade ou por medo do desemprego, aceitamos o fascismo.
»


- texto por José Vítor Malheiros, retirado daqui.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sobre o pacto germano-soviético

«Entretanto, Estaline, que na falta de alternativa, cultivou conscientemente a amizade dos ocidentais, não perde a oportunidade. Ficou certamente ressentido com os acordos de Munique, mas, logo que estes ficaram ultrapassados pela invasão da Checoslováquia, retoma a postura anterior e propõe aos países que rodeiam a Alemanha "uma grande aliança" defensiva. Uma vez mais, a Inglaterra vai reagir com frieza, impedindo que a França lhe tome a dianteira.»

- p.170, O Livro Negro do Capitalismo, Campo das Letras

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sugestão


E que tal, para aumentar e nivelar por cima o nosso ranking de escolas, privatizá-las e entregar a capacidade de acesso dos candidatos a estudantes às direcções e administrações destas futuras empresas.

Assim, garantindo que só os meninos-bem, as meninas do papá e uns escassos e afortunados membros de uma qualquer minoria étnica teriam educação, as nossas estatísticas bateriam qualquer país. Era só de quinzes para cima. Se nos esforçarmos muito, até conseguiriamos ignorar a iliteracia e a ignorância semeadas por entre as massas.

Mas aí está, porque é que um aspirante a pedreiro tem de saber sobre História, um futuro caixa de supermercado sobre Física ou um varredor de ruas sobre Filosofia.

De acordo com as luminosas mentes dos profetas e campeões do Mercado Livre, a única coisa que um assalariado tem de saber é de sorrir, satisfazer o cliente e obedecer ao patrão.

Meti nojo? Pois é exactamente isto que vai na cabeça dos apologistas do Capitalismo, dos anti-comunistas e dos que afirmam que o Socialismo não é alternativa. Dos Sócrates, dos Belmiros, das Ferreiras Leite, dos Amorins, dos Portas, dos Granadeiros, dos Louçãs, dos De Mellos e dos Van Zellers.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Com liberdades destas como serão as suas prisões?

«Agências de espionagem norte-americanas vigiam blogs e Twitter

As agências de espionagem norte-americanas estão cada vez mais interessadas nos blogs, nas contas do Twitter ou até nas críticas de livros na Amazon. A IN-Q-Tel, o "braço investidor" da CIA, está a ajudar financeiramente a Visible Technologies, uma empresa de software especializada em monitorizar as redes sociais.

De acordo com a revista Wired, a operação faz parte de um movimento generalizado dos serviços secretos para ter acesso a uma fonte de informação mais alargada.

A Visible monitoriza mais de meio milhão de sites por dia, milhões de posts e conversações que ocorrem em blogs, fóruns, no Flicker, YouTube, Twitter ou Amazon.

Os "clientes" recebem relatórios em tempo real com o que está a ser dito nestes sites.

A Visible “pontuacada post, classificando-o de positivo ou negativo, misto ou neutro, e examina o quão influente uma conversação ou o próprio autor é.

Isto é o básico, entrar e monitorizar", explica o vice-presidente da empresa, Blake Cahill.»

- retirado daqui.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Muro de Defesa Anti-Fascista defendeu os povos

-imagem que ilustra o destino dos povos do leste da europa deixados ao Capitalismo mais revanchista


«Por ordem do governo da República Democrática Alemã, as milícias armadas da classe operária alemã (Kampfgruppen der Arbeiterklasse) tomaram o controlo da fronteira entre os dois sistemas sociais a 14 de Agosto de 1961 e iniciaram a construção do Muro de Defesa Anti-fascista.

O Concelho cental da Juventude Livre Alemã fez um chamamento a 18 de Agosto de 1961 a todos os filhos e filhas da RDA de modo a fazerem todos os possíveis para reforçar a pátria socialista.

Os imperialistas alemães dizem cinicamente que a muro causou a morte de 125 pessoas. A caída do muro em Novembro de 1989 e que levou ao desaparecimento da RDA e subsequente expansão armada e económica do imperialismo alemão causou a morte de centenas de milhares de joguslavos de todas as nacionalidades na destabilização e desmembramento da Federação socialista joguslava. Além de que fez das antigas repúblicas populares novas terras de colonização, desemprego, emigração, desigualdades e pobreza com um saldo de milhões de novos pobres, desempregados, mortos antes de tempo, doentes, enlouquecidos e suicidados.

Demonstrou-se que o Muro, ao conter a expansão criminal das multinacionais ocidentais, da NATO e de grupos fascistas e racistas, garantiu a paz e estabilidade na Europa e deu a possibilidade de construir o socialismo aos povos do leste da Europa conquistando direitos e liberdades que o Imperialismo destruiu por completo dando-lhes o estúpido "direito" de votar em partidos neonazis e burgueses.».

- retirado da Civilizacion Socialista.

sábado, 17 de outubro de 2009

Todos os dias contra o Imperialismo! Pelo Socialismo em direcção ao Comunismo!



O Vietname, pátria socialista no sul asiático, conheceu a bárbara agressão imperialista às mãos dos franceses e dos americanos desde os anos quarenta até meados dos anos setenta.

Hoje o Vietname ainda sente a falta dos 5 milhões de mortos levados pela guerra liderada por forças anti-comunistas.

Actualmente, é no Afeganistão, no Iraque e no Paquistão que se desenrolam as mais assassinas intervenções do Imperialismo burguês.

Pertence a estes povos massacrados, todo o direito à resistência e ao contra-ataque popular.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eleições regionais na Rússia - Partido Comunista russo afirma-se como grande oposição à reação nacionalista de Putin


A "Rússia Unida" de Putin foi a grande vencedora das eleições regionais e municipais, reforçando o seu domínio sobre o aparelho estatal russo e a continuação do controlo dos "oligarcas" sobre os destinos do povo russo.

O Partido Comunista da Federação Russa também marcou presença na disputa eleitoral e reforçou-se como grande força de oposição aos Nacionalistas da Rússia Unida, manietadas por Putin e pela "família" de oligarcas económicos que enriqueceram rapinando o património que pertencia ao povo da antiga União Soviética. Os liberais e os ultra-nacionalistas ficaram atrás do PCFR, chegando a não obter nenhuma representação na Duma (assembleia) local de Moscovo, subsistindo o monopólio da Rússia Unida com 32 representantes e a oposição comunista com 3 deputados. A popularidade crescente do Partido Comunista na Rússia chega a um ponto em que numa sondagem, o seu secretário-geral Guennad Zyuganov, fica apenas a cinco pontos de Medvedev caso acontecesse hoje o sufrágio presidencial russo.

Já existem acusações de fraude vindas de todos os lados da oposição e Zyuganov afirma ir a tribunal para contestar cada eleição enviesada, porém, a subversão do Capital começou logo na campanha, com a proibição de 68 outdoors do órgão comunista Pravda na capital russa, questionando os cidadãos "vive ou sobrevive nesta cidade? Admita a realidade!", realçando a discrepância entre a vasta maioria dos cidadãos e trabalhadores moscovitas e uma classe de gente que vive e faz a sua vida em bairros privilegiados.

Para os que afirmam as "virtudes" da democracia russa, podem deparar com o facto de uma sondagem mostrar que apenas 3% dos inquiridos acreditam que a votação seria completamente honesta, além de que o presidente de Moscovo está envolto em corrupção, inclusivamente utilizar todos os meios para transformar a sua esposa, uma magnata do imobiliário, a mulher mais rica da Rússia, isto sem contar com a utilização política dos professores, que são obrigados a dizer às crianças para pedirem aos pais que votem na Rússia Unida.

Para mostrar a trágica situação social e económica russa o PCFR escreveu um texto sobre a actual situação do país, povo e classe trabalhadora que defende incansavelmente e que o Avante! traduziu:

«O Partido Comunista da Federação Russa (PCFR) divulgou um relatório onde revela algumas das consequências de 15 anos de capitalismo no país e identifica profundos retrocessos sociais face à ex-URSS. Segundo revelou o PCFR, em 2006, o salário real era duas vezes inferior ao praticado em 1990, as reformas duas vezes e meia, e as bolsas académicas sete vezes.

Na sequência do encerramento de mais de 70 mil unidades industriais e do abandono das terras (estimado em cerca de 35 milhões de hectares), o PIB do país caiu 200 por cento e as importações de géneros alimentares estão agora em metade do total do consumo. O consumo de calorias per capita caiu para um terço face aos valores registados na União Soviética e o consumo de leite é duas vezes menor, afirma ainda o PCFR.

Neste contexto, não é de estranhar que a esperança média de vida tenha recuado 10 anos; que a altura média dos russos tenha decrescido 1,5 centímetros; que 15 por cento dos jovens que ingressam no exército apresentem sinais de desnutrição; e que a população tenha decrescido em cerca de 12 milhões.


No que ao trabalho e à repartição da riqueza diz respeito, 25 por cento dos russos em idade activa encontra-se em situação de desemprego e na capital, Moscovo, a diferença entre os 10 por cento mais ricos e os 10 por cento depauperados é de 41 para 1, ao passo que em 1990 era de 4 para 1.
O número de crianças na escola reduziu-se em 25 por cento e mais de quatro milhões de menores vivem nas ruas.»

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um acto coerente


A 9 de Outubro ficou-se a conhecer a nomeação de Barack Obama como vencedor do Prémio Nobel da Paz, não passando nove meses desde o começo do seu mandato presidencial.

Os «extraordinários esforços para reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre povos» foi o motivo dado pela academia sueca para a atribuição do prémio ao presidente americano. Os peritos desvelam-se em supresas perante o acontecimento, dando um simbolismo e significado especial ao prémio, uma «chamada à acção», a união das várias etnias americanas,a "esperança" que trouxe, a "luta" (?) por um mundo sem armas nucleares e outras razões que tais. Contudo, até mesmo ao mais fanático apoiante de Obama custa encontrar razões para esta atribuição do Nobel dado o pouco trabalho feito.

Porém, se tivermos em conta que estamos a falar da mesma academia que premiou Kissinger e Gorbatchov com o Nobel da Paz em 1973 e 1990, respectivamente, e o Nobel da Economia a Milton Friedman em 1976, apercebemo-nos de que existe uma coerência e uma lógica por detrás destas consagrações.

Uma lógica ideológica, pois foi Obama que disse logo no início do mandato que a Colômbia era um exemplo de democracia, mandou instalar sete bases nesse mesmo país, com provas de ter havido compra de deputados colombianos, assistiu-se já ao golpe de estado nas Honduras que pela mão de Zelaya estava a atingir conquistas importantes para o povo, a garantia de que o Irão continua sob mira, a agressão encapotada ao Paquistão, o aumento do orçamento militar, além do pântano financeiro e sangrento em que o Afeganistão se vem tornando desde a estratégia desta espécie de "Messias".

Obama recebeu o prémio Nobel da Paz não por ter trazido algo de novo ao mundo e à política, mas por ter dado a ilusão disso enquanto manteve e aprofundou as mesmas políticas imperialistas que têm assolado a Humanidade e a classe trabalhadora em todos os cantos do mundo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Nota breve sobre as eleições na Grécia


Na Grécia, o habitual apelo ao "voto útil" levou a uma concentração do eleitorado no Centralão grego, composto pelo PASOK ("socialistas") e Nova Democracia (conservadores), com a obtenção de maioria absoluta para os primeiros.

O Partido Comunista Grego (KKE) «perdeu um deputado (21 no total), cerca de 66 mil votos (517 mil ao todo) e pouco mais de meio ponto percentual (7,54%)», num contexto de intensa bipolarização, o que significa a estabilização desta força política revolucionária e que contra toda a manipulação mediática e burguesa, poderá carregar a semente do desenvolvimento de um futuro movimento contestário que represente realmente os anseios populares.

Quanto às outras forças políticas, os esquerdistas do Syriza perderam 1 deputado, o LAOS da extrema-direita elege mais 5 deputados e os Verdes duplicaram a sua votação sem conseguirem, no entanto, qualquer representação parlamentar.

Posto isto, sai Karamanlis (ND), entra Papandreous (PASOK), ambos vindos de famílias com raízes dinásticas na política grega e que têm vindo a construir a precariedade vivida actualmente pelo povo grego. Aleka Papariga, secretária-geral do KKE, avisa que houve «mudança de capitão, não de turno».

Que não se pense, pois, que a quebra de esperança dos povos ficará impune na História, pois este terá sempre força para a escrever de novo com outras palavras e motes.

- ver as eleições gregas mais aprofundadas, aqui.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Honduras: a preparação da estabilidade mortiça e opressora


As Honduras continuam sob o jugo ditatorial da oligarquia económica, militar e política que se instalou desde a deposição de Manuel Zelaya, porém o fascista Micheletti, oriundo do Partido Liberal, já retirou o estado de sítio no qual tinha enclausurado o país.

Com o apoio da Burguesia nacional (COHEP), das Transnacionais como a Chiquitita e das instituições de "ajuda" do imperialismo como a USAID e a FMI, o governo golpista foi subsistindo economicamente, todavia, manter esta fantochada burguesa por muito mais tempo pode começar a parecer uma ditadura oficial para durar (e não apenas uma que só serviu para desfazer as conquistas sociais do povo Hondurenho sob o mandato de Zelaya), por isso, eis que nos surge a figura de Porfirio Lobo, candidato do Partido Nacional à Presidência e o preferido das sondagens para suceder a Zelaya.

É político e agricultor e é o lider do Partido pelo qual se candidata diz que nem que o «massacrem», tomará partido por Zelaya ou Micheletti e afirma que não sabemos o que se tem "sofrido" com o presidente legítimo Zelaya desde que enfrentou «os empresários, os juízes, as igrejas evangélicas, o cardeal...» e caso seja eleito, deseja formar um «governo de unidade nacional».

Na sua entrevista ao El Pais mostra saber das condições miseráveis do povo hondurenho, nas cidades duas em cada três famílias são pobres e nos campos quatro em cada cinco «não têm nada», 90% dos universitários vêm de 20% da população, a parte que tem rendimentos. Tudo isto ao mesmo tempo que as Honduras é o país na América Central com o maior número de isenções fiscais. Porfirio Lobo afirma perempetoriamente que com ele tudo isso vai acabar.

Perdoem-me a desconfiança, mas pela vontade deste senhor, tudo continuará na mesma, quem critica um governante que enfrentou os mesmos que empobrecem os trabalhadores hondurenhos e quem desvaloriza Zelaya como se por trás dele não houvessem massas que o apoiam pelas políticas que decretou ao longo do seu mandato, a reforma da Constituição conservadora para outra com maior participação cidadã, a subida do salário mínimo de 126 para 206 euros, a adesão à ALBA e a compra de petróleo à Venezuela a condições muito vantajosas, está a cair na mesma rotina política dos que afirmaram ser alternativa, mas que nada mais fizeram que continuar o quotidiano de miséria da população hondurenha.

A perspectiva de um «governo de unidade nacional», como desejada por Lobo, vai ao encontro das manobras que os EUA tentaram impôr ao movimento contestatário neste país através da mediação de Óscar Árias, tendo por premissa principal uma liderança conjunta de Zelaya e Michelletti, representando a cedência das reivindicações populares e dos ganhos nas condições de vida que estes experimentaram sobre a governação de Zelaya.

O papel de Lobo, caso venha a ser Presidente, será então de esmorecer a onda revolucionária e bolivariana que tem vindo a agitar vasta parte do povo e dos trabalhadores das Honduras e mergulhar esta nação na apatia colectiva, pois é isso que agora convém ao Capital.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Mais papistas que o Papa...


Vinda do país "mais próspero do mundo", os EUA, vem esta notícia, que informa a iniciativa de um grupo de conservadores americanos de re-traduzir a Bíblia de modo a, segundo estas abençoadas mentes, retirar todas as "passagens liberais", que no linguajar desta gente significam as partes eróticas da Bíblia e outras ideologicamente incómodas.

No lugar da Bíblia original, se é que se pode chamar de original uma versão adulterada por um imperador romano, o "livro sagrado" conservador estará pleno de puritanismo carnal e com passagens que fundamentam o sistema económico de Mercado Livre.

Há quem se possa surpreender com a tamanha naturalidade em manipular uma obra pela qual os conservadores têm tanta consideração, mas não surpreende quando tem sido desde Reagan, este grupo ideológico específico dos EUA a ponta-de-lança da desqualificação completa do trabalhador, da transformação do Estado numa agência de negócios da alta burguesia e no sacríficio da população deste país em constantes guerras orquestradas pelo Imperialismo.

A classe política e económica estado-unidense já tem larga experiência em manipular a opinião pública e as consciências do proletariado americano e daí que não lhe custe nada conspurcar algo que eles próprios têm em tão boa e imaculada reputação como a Bíblia.

Para o trabalhador, para o homem e mulher comum que todos os dias vê o futuro um bocado menos esperançoso, «as leis, a moral a religião são para ele outros tantos preconceitos burgueses, atrás dos quais se escondem outros tantos interesses burgueses»*.

* - Marx no Manifesto do Partido Comunista.

domingo, 4 de outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

Vitória do «Sim» na Irlanda


O «SIM» ao Tratado de Lisboa venceu na Irlanda com 67%. Que este alto momento democrático fique nos arquivos, com forte possibilidade de voltar a ser puxada para a discussão, de cada vez que alguém fale da falta de liberdade e democracia nos países que não vão nas cantilenas do Capital Ocidental.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

E a "mui democrática" UE...amanhã sob a razão dos irlandeses


Amanhã, dia 2 de Outubro, realiza-se pela segunda vez na Irlanda um referendo ao Tratado de Lisboa, que a ser aprovado, passa a ser válido em todo o território da União Europeia, já que foi ratificado nos parlamentos de todos os outros países e a Irlanda é o único membro da UE que obriga à formulação de um referendo para cada diploma jurídico que condicione a Constituição daquele país.

Muitas são as preocupações do povo e dos trabalhadores irlandeses, desde a perda de soberania, direitos dos trabalhadores, perda de representação nos órgãos da UE e o direito à neutralidade militar, daí que a sociedade irlandesa se tenha mobilizado para discutir (de novo) a validade do Tratado, que já tinha sido recusado em anterior escrutínio.

No Público, uma reportagem explica que a enfoque na participação cidadã é maior agora porque da primeira vez, a natural aversão aos políticos (democraticamente eleitos em sufrágios livres) levou à vitória do Não, sem ter em conta que o Tratado de Lisboa é um passo a mais no amordaçar da soberania dos povos europeus e a sua entrega a uma oligarquia económica e eurocrata.

A verdade é que por trás de nova campanha pelo "Sim" está o antigo presidente do Parlamento Europeu e actual consultor para a Integração Europeia, Pat Cox, e até o explícito e gordo apoio monetário da Ryanair e da Intel, a primeira com 500 mil euros e a última com «umas poucas centenas de milhares de euros». De igual modo acordaram promover a campanha pró-Tratado de Lisboa a Confederação de Negócios e Empregadores da Irlanda e a Câmara Americana de Comércio.

O Portal de Thrasybulos espera que amanhã o povo irlandês rejeite o Tratado de Lisboa e faça perceber que «Não É Não»!

Não a uma democracia postiça! Não a uma proto-ditadura encapotada! Não aos ataques aos direitos dos trabalhadores! Não à União Europeia do Capital!