quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Honduras: a preparação da estabilidade mortiça e opressora


As Honduras continuam sob o jugo ditatorial da oligarquia económica, militar e política que se instalou desde a deposição de Manuel Zelaya, porém o fascista Micheletti, oriundo do Partido Liberal, já retirou o estado de sítio no qual tinha enclausurado o país.

Com o apoio da Burguesia nacional (COHEP), das Transnacionais como a Chiquitita e das instituições de "ajuda" do imperialismo como a USAID e a FMI, o governo golpista foi subsistindo economicamente, todavia, manter esta fantochada burguesa por muito mais tempo pode começar a parecer uma ditadura oficial para durar (e não apenas uma que só serviu para desfazer as conquistas sociais do povo Hondurenho sob o mandato de Zelaya), por isso, eis que nos surge a figura de Porfirio Lobo, candidato do Partido Nacional à Presidência e o preferido das sondagens para suceder a Zelaya.

É político e agricultor e é o lider do Partido pelo qual se candidata diz que nem que o «massacrem», tomará partido por Zelaya ou Micheletti e afirma que não sabemos o que se tem "sofrido" com o presidente legítimo Zelaya desde que enfrentou «os empresários, os juízes, as igrejas evangélicas, o cardeal...» e caso seja eleito, deseja formar um «governo de unidade nacional».

Na sua entrevista ao El Pais mostra saber das condições miseráveis do povo hondurenho, nas cidades duas em cada três famílias são pobres e nos campos quatro em cada cinco «não têm nada», 90% dos universitários vêm de 20% da população, a parte que tem rendimentos. Tudo isto ao mesmo tempo que as Honduras é o país na América Central com o maior número de isenções fiscais. Porfirio Lobo afirma perempetoriamente que com ele tudo isso vai acabar.

Perdoem-me a desconfiança, mas pela vontade deste senhor, tudo continuará na mesma, quem critica um governante que enfrentou os mesmos que empobrecem os trabalhadores hondurenhos e quem desvaloriza Zelaya como se por trás dele não houvessem massas que o apoiam pelas políticas que decretou ao longo do seu mandato, a reforma da Constituição conservadora para outra com maior participação cidadã, a subida do salário mínimo de 126 para 206 euros, a adesão à ALBA e a compra de petróleo à Venezuela a condições muito vantajosas, está a cair na mesma rotina política dos que afirmaram ser alternativa, mas que nada mais fizeram que continuar o quotidiano de miséria da população hondurenha.

A perspectiva de um «governo de unidade nacional», como desejada por Lobo, vai ao encontro das manobras que os EUA tentaram impôr ao movimento contestatário neste país através da mediação de Óscar Árias, tendo por premissa principal uma liderança conjunta de Zelaya e Michelletti, representando a cedência das reivindicações populares e dos ganhos nas condições de vida que estes experimentaram sobre a governação de Zelaya.

O papel de Lobo, caso venha a ser Presidente, será então de esmorecer a onda revolucionária e bolivariana que tem vindo a agitar vasta parte do povo e dos trabalhadores das Honduras e mergulhar esta nação na apatia colectiva, pois é isso que agora convém ao Capital.

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