terça-feira, 29 de setembro de 2009

Eleições na Alemanha - Quando a soberba esmaga a ansiedade


No mesmo dia das eleições legislativas portuguesas, também se decidiam os futuros quatro anos na Alemanha.

Após uma grande coligação entre os Democratas Cristãos (CDU-CSU) de Angela Merkel e os Sociais-Democratas(SPD) de Steinmeier nos últimos quatro anos, o povo alemão foi a votos de novo julgar a governação do último mandato.

Quem acompanhou os testemunhos de cidadãos alemães aos jornais e às televisões notou numa real preocupação à volta dos assuntos laborais, na continuação dos benefícios estatais em tempos de crise e na preocupação com a continuação da segurança social para as futuras gerações.

No jornal Público, vinha até um artigo sobre a geração Praktikum, ou seja, uma camada demográfica composta por jovens, maioritariamente licenciados que pulam de estágio em estágio, sempre não renumerado e quase sempre dependente de subsídios do Estado, no caso da entrevistada ao Público, no valor de 350 euros.

A precarização de uma geração inteira na Alemanha tem semelhanças com a geração "quinhentos euros" em Portugal, os "mileuristas" de Espanha e a juventude que protestou na Grécia nos inícios de 2009.

O resultado das políticas de precariedade laboral é a hipoteca em massa de vidas que apesar de qualificadas, acabam por experienciar um novo tipo de pobreza, subsistindo com a ajuda dos pais, por vezes vivendo na sua casa, ou do Estado.

A Burguesia para garantir que a classe trabalhadora não votasse consequentemente, fez um pacto de não despedir até ao fim das eleições para assegurar a vitória de um «governo amigo», amaciando a revolta que muitos alemães começam a sentir.

Desse modo, o sufrágio de 27 de Setembro na Alemanha trouxe uma coligação de direita, entre os democratas cristãos (CDU-CSU) de Merkel e os liberais (FDP) de Westerwelle, ao mesmo tempo que o partido da Social-Democracia (SPD) teve uma derrota histórica, pagando deste modo a governação conjunta com a CDU-CSU nos últimos quatro anos.

As duas forças de esquerda na Alemanha, os Verdes e o Die Linke também subiram, valendo hoje mais de 20% e sendo uma oposição credível à coligação de direita, composta pelos democratas-cristãos e os liberais, que a cumprir as medidas políticas deverão atacar sem quartel os direitos dos trabalhadores, precarizando-os ainda mais e seguir uma linha de pauperização do Estado Social, sustento de muitos alemães.

A luta de classes na Alemanha poderá entrar em pleno estado de ebulição nos próximos anos e a Burguesia deparar-se com a raiva e indignação da classe trabalhadora deste país.

1 comentário:

Op! disse...

Assim é em Portugal e assim será em todo o Mundo.
Unidos venceremos!