segunda-feira, 19 de janeiro de 2009


Ainda que tenha escapado à imprensa, demasiado ocupada a espalhar os clichés habituais sobre capitalismo e socialismo, que o primeiro é a única alternativa e que o segundo é uma experiência falhada, dando exemplos de países destruídos e devastados por acções das potências capitalistas, o dia 18 de Janeiro é uma efeméride que como Álvaro Cunhal disse, escrita «com lágrimas e sangue».

Foi um dia em que vários pontos do país (Lisboa, Coimbra, Leiria, Barreiro, Almada, Martingança, Silves, Sines, Vila Boim (Elvas), Algoz-Tunes-Funcheira e na Marinha Grande) ousaram um mundo novo em Portugal, um dia que começando numa aurora vermelha poderia terminar com o odioso período do fascismo no nosso país, após este ter proclamado o Estatuto do Trabalho Nacional e a Nacionalização dos Sindicatos, que condenavam os trabalhadores a uma opressão ainda mais profunda pelas mãos do patronato e do Estado oligárquico e à impossibilidade de formarem sindicatos livres.

O movimento operário português, inspirado pelos sucessos da revolução russa de 7 de Novembro de 1917, pegou nas suas mãos o destino do país e sonhou com algo melhor, um país mais igual, mais justo, mais livre, livre da burguesia e do Estado que não representava os interesses da população mas apenas os de uma elite que não teve pejo em ajoelhar e oprimir os portugueses de acordo com os seus caprichos.
Foi uma data na qual participaram comunistas e anarco-sindicalistas, juntos em prol de um verdadeiro portugal revolucionário, tomaram conta da Marinha Grande e proclamaram a Soviete da Marinha. Um sonho. Um sonho que infelizmente sobreviveu por pouco tempo e que não demorou a ser rechaçado por artilharia militar.

Numa altura em que o fascismo é branqueado e retratado com um certo glamour que tem tanto de revanchista como de nostálgico, é urgente lembrar à população portuguesa actual o espírito de luta que já viveu em gerações anteriores. É altura de relembrar que o fascismo existiu e oprimiu a classe trabalhadora, numa altura em que figuras autoritárias do neoliberalismo são rebaptizadas com cultos de personalidade patrocinados pelos Media e que o activismo sindical é diabolizado de modo a retirar qualquer recurso de defesa dos direitos do trabalhador por mais dignidade, liberdade e igualdade no local de trabalho, importa trazer de volta ao imaginário colectivo nacional o que aconteceu a 18 de Janeiro de 1934.

O 18 de Janeiro existiu e é uma data marcada a ouro, lágrimas e sangue na história do nosso país.

VIVA O 18 DE JANEIRO DE 1934! VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA!

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