«O capitalismo é um sistema no qual as instituições centrais da sociedade estão, em princípio, sob controlo autocrático. Logo, uma empresa ou indústria é, se pensarmos em termos políticos, fascista, isto é, tem um controlo apertado que parte do topo e uma obediência rígida tem de ser estabelecida a todos os níveis...Tal como me oponho ao fascismo político, oponho-me ao fascismo económico. Penso que enquanto as principais instituições da sociedade não estiverem sobre controlo popular dos participantes e das comunidades, não faz sentido falar de democracia.»
- Noam Chomsky
A democracia assumiu-se como sistema político dominante desde a queda da União Soviética, trazendo consigo a perspectiva de um controlo autêntico das populações sobre a governação do seu país.
A democracia representativa com o sistema económico de mercado livre e aberto depressa se expandiu de modo epidémico por nações que em tempos anteriores se tinham dedicado à criação de uma sociedade progressista, igualitária e justa, convencendo-se a opinião pública pelos meios de comunicação e as supostas vozes da liberdade que esta seria a melhor forma de garantir a liberdade e prosperidade dos povos, porém a realidade contradiz directamente essa ilusão de uma suposta "igualdade na liberdade" definida por Tocquevile ao estudar a primeira democracia no mundo, a americana.
Porém a democracia representativa e o mercado livre são sistemas que reproduzem uma inequalidade social que não podem ser amenizadas pelos seus rituais de realização quase simbólicos.
Os cidadãos ao elegerem os seus líderes não estão a tomar um real controlo sobre as medidas que irão afectar as suas condições de vida, apenas nomeiam alguém com base em premissas de como irá actuar, mas quando chega a altura de serem feitas decisões que irão afectar a comunidade inteira (não importa quão grande ou pequena possa ser), a população é posta de lado e é uma elite que toma controlo da governação.
Na actual democracia, apenas a participação intensa dos cidadãos e a realização de referendos sobre temas importantes (e não apenas fracturantes) pode fazer valer a ideia de que um povo controla realmente a comunidade onde habita, trabalha e vive.
Na sua natureza anárquica, o Mercado Livre reclama e impõe uma "liberdade" de feições totalitárias, pois desde a alienação de património do espaço público para a exploração privada, ao amontoado de publicidade nas ruas e à linha do pensamento único nas instituições de educação e nos meios de comunicação, a doutrinação constante vai impedir o surgimento de novas formas de pensar, sendo que aquelas que se afirmam novidade, não passam de versões renovadas da mesma ideologia de mercado.
E como o Mercado se caracteriza pela acumulação de capital nas mãos de uma elite, criando oligopólios ou mesmo monopólios, o sector privado muito facilmente pode influenciar e impôr os seus interesses no mundo político e impedir a real participação dos cidadãos no processo democrático.
A ilusão de que vivemos em democracia é mantida por uma liberdade de expressão e imprensa, que seriamente escrutinada, não é senão a promoção de uma mesma linha de ideias proferidas por uma secção da população, enquanto o resto não tem voz por não ser conveniente ao capital e ao governo. As eleições que acontecem de 4 em 4 anos, vão contra o espírito de distribuição igualitária da liberdade que representa a democracia, pois estas são a eleições de líderes, cujas acções os povos não controlam e a imprensa teima em não dar atenção.
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