domingo, 8 de novembro de 2009

Os muros derrubados que se celebram



Amanhã, dia 9 de Novembro, faz 20 anos que o Muro de Defesa Anti-fascista, mais conhecido como Muro de Berlim, caiu, processo simbólico que levou ao fim da RDA e mais tarde do bloco socialista no leste europeu.

As imagens que a televisão passa e os artigos que a imprensa publica mostram multidões efusivas, momentos de festa, um país reunificado e o início daquele que já foi chamado o fim da história.

Dos sentimentos que povoaram os alemães de leste na altura já só resta a desilusão de terem pensado que o pleno emprego se manteria e que os serviços públicos seriam sempre garantidos e acessíveis, a isto junte-se a angústia de ver que apesar do país estar reunificado a discriminação aos ossis (nome dado aos habitantes de leste) é uma realidade que os marca não só em termos sociais mas também na obtenção de emprego e de salários equitativos.

Além da Alemanha, os festejos são promovidos por todo o mundo, facto que não surpreende.

A queda do Muro de Berlim significou o derrube de inúmeras barreiras morais ao Capitalismo. Enquanto as "democracias" capitalistas, em especial as europeias, se viram a competir com o bloco socialista, sempre aclamaram um sistema social de mercado, como se fosse moral e politicamente superior, branqueando-se que muita do combustível dessa economia vinha do terceiro mundo e das colónias africanas e asiáticas.

Sem a RDA e o bloco socialista, a burguesia viu espraiarem-se mil caminhos de liberdades capitalistas.

Desde a queda do Muro de Berlim, as classes mais abastadas têm ficado mais ricas enquanto as mais pobres todos os dias se vêm a afundar mais.

Foi a queda do Muro de Berlim que permitiu a precarização do emprego, a criação dos exércitos de desempregados que os capitalistas tanto precisam e apreciam e os estágios não-renumerados para jovens licenciados.

A queda do Muro de Berlim deu asas ao Capital para criar uma sociedade cada vez mais vigiada, com grande implementação dos sistemas de video-vigilância e monitorização informática dos dados pessoais.

A entrega de milhões de milhões aos bancos e a empresas falidas por más gestões empresariais é outro caminho de liberdade aberto pela queda do Muro.

Desde há 20 anos, a situação da classe trabalhadora na Europa e no Mundo, ou manteve-se na mesma ou piorou, os direitos que nos garantiam ser sagrados foram completamente desbaratados ou esvaziados na sua aplicação.

Têm muito para celebrar as nossas elites, pois desde há 20 anos que lhes pertence o mundo.

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