sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Razão à força de pontapés


Após o exercício massivo de "wishful thinking" que as nossas elites políticas e económicas têm vindo a fazer nos últimos tempos, cantando como um coro sincronizado que a crise estava a passar, apesar do desemprego crescente e dos encerramentos de empresas, eis que os nossos "mestres" começam a abrir os olhos.

O Dubai, um país do Médio Oriente, com desenvolvimento faraónico propalado pelo dinheiro petrolífero vem anunciar que tem entre mãos uma séria crise de dívidas, tendo já avançado uma moratória para atrasar seis meses o pagamento destas, que equivale a 3,5 mil milhões de euros.

Na França, a ministra da economia veio admitir que a crise ainda não passou já que o desemprego se aproxima perigosamente dos 10%.

O desemprego em que milhões de pessoas têm vindo a ser mergulhadas tem vindo a ser negligenciado pelos "peritos" em economia, olhando para a deflação e inflação como únicos indicadores da "regulação do mercado".

Já no campo da cegueira ideológica, é notável olhar para o artigo do "The Economist" sobre a Espanha, que lhe apelida de «o novo doente da Europa». Esta revista pró-mercado livre refere que o seu sistema laboral espanhol é «ineficaz e injusto», devido à "improdutividade" trazida pelos altos custos de despedimento de trabalhadores com contrato indefinido. Entre outras pérolas, contam-se frases-chavão como «os trabalhadores incompetentes com contratos indefinidos estão protegidos» e que as reformas laborais que tornem mais barato o despedimento foi posto de parte para «agradar os sindicatos».

Não se apercebem estes economistas que foi a sua cegueira e idealismos que levou à crise generalizada entre os trabalhadores. Quanto maior for a soberba, mais frágil será derrubar o seu pensamento caduco.

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